Por Fernanda Costantino, Luísa Mello e Luiza Barata
A entrada na universidade marca o inicio de uma fase de mudanças e desafios na vida dos jovens. E em tempos de greve, as dificuldades de se tornar um calouro podem ser ainda maiores. Além da ansiedade natural de qualquer mudança, os novos estudantes já não sabem mais o que fazer para esperar pelo início dessa nova etapa.
O sofrimento tem lá suas razões. O vestibular e seu histórico desafiador atormentam a grande maioria dos jovens. Até o momento dos resultados, o tempo simplesmente parece não passar. Mas, uma vez aprovados, é hora dos futuros alunos aguardarem pelo primeiro dia de aula. Para quem passou para o segundo semestre, os primeiros seis meses do ano ainda foram bem arrastados. De início, a futura aluna da UFF, Carol Viana preferiu encarar como férias prolongadas.
- Usei esse tempo livre como forma de descanso e somente isso. Depois de um ano de vestibular, nada melhor que ficar "à toa", né?
Entre os mais ansiosos, estavam aqueles que logo queriam se ocupar. Muitos buscaram as atividades que tinham sido abandonadas pela falta de tempo, para poder lidar agora com um novo problema: não saber o que fazer com o excesso dele. Como Raissa Vidal, que retomou as aulas de balé, abandonadas por conta do horário apertado do terceiro ano e começou a estudar uma nova língua, o Francês.
E como se a espera durante seis meses não fosse longa o suficiente, uma surpresa para os novos e até mesmo para os antigos: a paralisação das universidades públicas e o atraso do início do segundo semestre.
- A ansiedade é muita, já estamos há muito tempo parados vendo todo mundo iniciando essa nova fase. Criamos uma expectativa que agora se diluiu em ansiedade. - lamenta Samantha Su, caloura de Jornalismo.
O problema é ainda maior para quem vem de outra cidade. A UFF recebe alunos de diferentes lugares, poucos são os que já viviam perto do campus. A universidade ainda não possui alojamento e os jovens são orientados a procurar um lugar para morar. Os custos com moradia já começaram a pesar em muitas famílias, antes mesmo das aulas. Para garantir uma vaga em repúblicas e apartamentos, os estudantes são obrigados a pagar, até mesmo no período de greve, o aluguel do local. Julia Lutterbach foi uma das futuras alunas que dependeu de uma posição sobre o reinício do calendário acadêmico para agilizar sua mudança de Campos para Niterói.
- No meu caso, a greve foi um grande problema pelo fato de eu morar fora da cidade. Fiquei dependendo da universidade informar sobre data da inscrição de disciplina e do início das aulas para agilizar minha mudança.
Mesmo assim, os futuros calouros têm algo além da ansiedade em comum. Não chega a ser uma conformidade, mas todos eles já chegaram preparados para entender que estudar em instituições federais pode exigir certo grau de esforço. Raissa lamenta a falta de investimento na educação pública e a situação que as universidades estão vivendo.
- Mesmo quem não estava inserido no contexto da greve pode observar consequências da falta do incentivo à educação, da desvalorização dos professores e dos problemas políticos que enfrentamos.
E para além dessa consciência, os calouros conseguem demonstrar animação com o a nova etapa. Uma das maiores provas disso é a convicção da Beatriz Parros.
- Continuo alimentando expectativas pela UFF e pelo curso. A greve não me surpreendeu, apenas aumentou as minhas férias, para reduzir depois. Espero que o resultado não seja só esse. Eu quero um começo. Chega de esperar!
O problema é ainda maior para quem vem de outra cidade. A UFF recebe alunos de diferentes lugares, poucos são os que já viviam perto do campus. A universidade ainda não possui alojamento e os jovens são orientados a procurar um lugar para morar. Os custos com moradia já começaram a pesar em muitas famílias, antes mesmo das aulas. Para garantir uma vaga em repúblicas e apartamentos, os estudantes são obrigados a pagar, até mesmo no período de greve, o aluguel do local. Julia Lutterbach foi uma das futuras alunas que dependeu de uma posição sobre o reinício do calendário acadêmico para agilizar sua mudança de Campos para Niterói.
- No meu caso, a greve foi um grande problema pelo fato de eu morar fora da cidade. Fiquei dependendo da universidade informar sobre data da inscrição de disciplina e do início das aulas para agilizar minha mudança.
Mesmo assim, os futuros calouros têm algo além da ansiedade em comum. Não chega a ser uma conformidade, mas todos eles já chegaram preparados para entender que estudar em instituições federais pode exigir certo grau de esforço. Raissa lamenta a falta de investimento na educação pública e a situação que as universidades estão vivendo.
- Mesmo quem não estava inserido no contexto da greve pode observar consequências da falta do incentivo à educação, da desvalorização dos professores e dos problemas políticos que enfrentamos.
E para além dessa consciência, os calouros conseguem demonstrar animação com o a nova etapa. Uma das maiores provas disso é a convicção da Beatriz Parros.
- Continuo alimentando expectativas pela UFF e pelo curso. A greve não me surpreendeu, apenas aumentou as minhas férias, para reduzir depois. Espero que o resultado não seja só esse. Eu quero um começo. Chega de esperar!
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Charge: Arthur Figueiredo |
Marielle Javarys, que também cursa Publicidade na UFF e esperava se formar em agosto, chegou a mudar a rotina para se dedicar à monografia. Ex-estagiária da Sony Music, ela também passou a cuidar mais de sua empresa de camisetas personalizadas, a MyCool25.
Por um lado, a mudança foi positiva: ela pôde viver a experiência de tocar o próprio negócio, não ficando de fora do mercado de trabalho. Por outro, a perda dos últimos dias na Universidade terá de ser recompensada, o que adia o planejamento da jovem para 2013.
- Tive que adiar planos profissionais e acadêmicos mesmo como começar, por exemplo, meu MBA no inicio do ano que vem.
A greve deu início a uma verdadeira bola de neve para quem já tinha planos. Hícaro Souza e Rafael Cattan também tiveram a conclusão do curso prejudicada. Os dois são alunos do curso de economia na UFRJ e, assim como as meninas, tiveram que atrasar a entrega do trabalho de conclusão de curso. Rafael, que já considerava se formar antes de 2013, aponta o principal problema de parte dos colegas de turma.
- Muitos estão fazendo prova para o mestrado neste ano e, se passarem, precisarão da conclusão do curso para entrar na pós-graduação ano que vem.
Um deles é o Hícaro, que mesmo assim continuou os preparativos para o processo seletivo do mestrado. Apesar da ansiedade pela formatura e pelo ingresso no mercado de trabalho, os formandos enxergaram a greve de uma maneira totalmente negativa.
- Na verdade, não está sendo discutido apenas aumento de salário, mas também um projeto de carreira que tem impacto e consequências diretas para os alunos, principalmente para aqueles que ainda estão no inicio da faculdade ou entrando agora. - destaca Mariana Ayres.
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