Por Fernanda Costantino e Luiza Barata
Uma inusitada fila de barracas pontua a paisagem de listras vermelhas e brancas. Pessoas de todas as idades conversam animadas, se detendo, aqui e ali, diante do festival de cores e aromas. Uma barraca de óculos escuros antigos é, quase sempre, a mais requisitada. O barulho de tique taque denuncia: dois dançarinos sapateando em um palco improvisado no meio da rua. Móveis antigos espalhados pelas calçadas dividem espaço com as mesas dos bares, que também emanam um delicioso cheiro de feijoada ou batata frita.
É essa a surpresa que encontra quem visita a Rua do Lavradio, na Lapa, no primeiro sábado do mês. É o dia em que acontece a Feira do Rio Antigo e toda a rua é invadida por barracas, que vendem artesanato, roupas, acessórios e antiguidades. Há 16 anos, a feira movimenta todo o bairro e ajudou na revitalização do Centro do Rio de Janeiro, animando todo mês centenas de pessoas que visitam o local e, é claro, aproveitam para fazer umas comprinhas.
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Até o sucesso atual da feira, muitas dificuldades tiveram que ser superadas. Durante a década de 60, todo o Centro do Rio de Janeiro vivia um momento de decadência. A Rua do Lavradio foi então tomada por antiquários e brechós, que formavam a tradicional rede de comércio de móveis antigos. Mas o cenário era melancólico e não tinha ainda a alegria que hoje invade a rua. A expositora Marah Silva, do Ateliê Cretismo, conta que em 1996 os comerciantes decidiram começar a Feira do Rio Antigo, apenas na altura da Rua da Relação.
- Todo primeiro sábado de cada mês, os donos dos antiquários levavam os móveis para as ruas e eles ficavam expostos a céu aberto. Fazendeiros e empresários com maior poder aquisitivo vinham visitar a feira que acabava de nascer. Junto deles, vinham suas mulheres e assim nasceu um cenário alternativo ao de móveis usados. – explica a designer de roupas.
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Para atender o público feminino, começaram a surgir as barracas de roupas, bijuterias e artesanato. Marah já expõe suas roupas personalizadas há 11 anos e afirma que, daquela época até hoje, a feira só cresceu. E cresceu tanto que tomou a rua toda e agora atende a todos os públicos, inclusive crianças. Para a expositora, foi uma forma democrática de conseguir divulgar seu trabalho como estilista e fazer sucesso.
- Sempre morei em um apartamento aqui na Lapa e fazia um quarto de ateliê. Desenhava as roupas, costurava tudo sozinha e então comecei a expor na feira. Depois de um tempo, a demanda cresceu e o ateliê tomou todo o apartamento. Tive que me mudar para um de dois andares e, hoje, apenas um quarto não é ocupado pelo meu trabalho. – conta Marah.
Há sete anos, foi criada uma associação no bairro especialmente para a feira e para a organização de expositores. Além disso, o site Novo Rio Antigo reúne a história e as principais atrações do centro histórico, como a própria feira e locais próximos na Praça Tiradentes, Lapa e Cinelândia. A maioria dos expositores também mantém sites e galerias virtuais com a apresentação de seu trabalho, deixando também email e redes sociais para contato e encomendas.
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Bijuterias, roupas, acessórios, cerâmicas, artesanatos e jogos infantis são apenas alguns exemplos do que é possível encontrar para comprar. Gledson Vinícius e os amigos apostaram em camisetas estampadas com frases e poemas famosos. Acertaram. No ano passado, foram convidados para expor na Feira do Rio Antigo e o escritor, que agora é praticamente também designer, acredita que a oportunidade ajudou o grupo a aumentar o público do seu trabalho.
- Aqui na Rua do Lavradio, pessoas de vários nichos e classes sociais frequentam o local. E independente do nível econômico, todos compram e consomem cultura. É um ambiente muito rico, no final das contas. – conclui Gledson.
O perfil da feira realmente mudou e moradores de todo o Rio de Janeiro, e até de fora, visitam as barraquinhas. É só atravessar um quarteirão da rua para se deparar com algum turista, queimado pelo sol carioca e maravilhado com a explosão de cores e sons. Como em toda a Lapa, o polo gastronômico na rua também se desenvolveu e o passeio incluiu uma boa dose de petiscos e cervejas, acompanhados de algum grupo de samba que esteja se apresentando ao vivo. Mas não é só turista que fica encantado com a festa. A estudante do ensino médio Anna Luiza Dominguez visitou a feira em setembro deste ano pela primeira vez e aprovou.
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- O que eu mais gostei foi a diversidade. É uma feira aonde você encontra de tudo, tem pessoas de vários estilos diferentes, e bem perto da feira tem bares onde se pode aproveitar a noite depois das compras. – aponta Anna.
E quem conhece a feira sempre acaba voltando. É o que aconteceu com a estudante de publicidade da UFF Ana Carolina Paradas, que frequenta o local desde 2006, quando se mudou para Santa Teresa, bairro próximo a Lapa. A futura publicitária se apaixonou pelo clima da feira, que traz de volta o Rio Antigo, e sempre compra peças artesanais, blusas, nécessaires, sapatilhas e bolsas. Como cada produto leva o estilo do seu designer e algumas peças ainda são únicas, ela acredita que esse diferencial fortalece a individualidade dos compradores. Para a estudante, a Feira do Rio Antigo é tão boa que poderia ter umas horinhas a mais.
- Geralmente a feira acaba às 18h, quando o sol se põe. Eu acho que deveria acabar só às 20h, com lâmpadas instaladas próximo às barracas. Assim, as pessoas poderiam aproveitar mais a feira e depois ainda ficar ali pela Lapa e se divertir na noite carioca.
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A Feira acontece todo 1º sábado do mês!
ResponderExcluir10 às 18h!
https://www.facebook.com/FeiraRioAntigo