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Por Mianon Nascimento, Patrícia Fernandes e Priscilla Mondo
Ao contrapor Razão e Sensibilidade, obra de estreia da aclamada autora britânica com sua produção posterior, Orgulho e Preconceito (1813), é notório o seu amadurecimento. Primeiro porque, comparando Elinor e Marianne Dashwood com Elizabeth Bennet, se torna expressiva a construção maniqueísta das personagens inaugurais de Jane.

As irmãs Dashwood são o completo oposto uma da outra, representando a razão e a sensibilidade e fugindo dos sentimentos destoantes. Elinor não demonstra seu afeto, por mais intenso que seja e mesmo que escondê-lo seja uma tarefa árdua e comprometa sua felicidade futura.
Do mesmo modo, Marianne não reconsidera seus atos, age por impulso, sem se preocupar com consequências pessoais e sociais. Como uma criança, fala e faz o que quer e não se preocupa com a etiqueta que a faria refrear seu amor por John Willoughby e demonstrar maior amabilidade no relacionamento com a família Middleton, Mrs. Jennings e Colonel Brandon.
Além das personagens, a própria escrita parace ter se tornado mais envolvente. Os recursos descritivos perdem importância, dando maior espaço para o aprofundamento das personagens e sua relação com o desenvolvimento da história.
Razão e Sentimento
Tradução de Igor Barroso
Editora: Nova Fronteira (Saraiva de Bolso) - 2011
Páginas: 9, 11 e 12
Mais do que qualquer coisa, o simples fato de as personagens principais demonstrarem suas fraquezas, arrependimentos e esperanças, que são construídos, desconstruídos e reconstruídos ao longo do livro, já tornam a leitura da segunda obra mais interessante quando comparada ao romance de estreia.
Talvez essa identificação mais expressiva com Orgulho e Preconceito compartilhada pela maioria dos leitores de Austen se deva a um movimento de aproximação com as personagens. Afinal, somos todos humanos e a mudança é uma das poucas certezas que possuímos.
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Jane Austen é uma inspiração para as mulheres de todos os tempos. Ela não somente criou maravilhas literárias que permanecem entre as mais interessantes e envolventes há séculos, como também abriu espaço na sociedade para as mulheres e o amor. Na verdade, ela não criou tal espaço, ele já existia, mas era desvalorizado.
Desse modo, seu sucesso parece apontar um desejo tímido dos oitocentistas de dar voz às suas mulheres e de observar as aspirações pessoais e movimentações sociais que compeliam à quebra da rígida estrutura aristocrática matrimonial. Assim, mais do que contribuir amplamente para o alargamento, ainda que lento e progressivo do espaço social feminino, a escritora participou do desenvolvimento das expressões dos sentimentos que culminam em laços sociais, muitas vezes, vitalícios, os matrimônios.
Essa contribuição foi importante não somente para a sociedade do século XIX, pois se reflete mesmo hoje no comportamento dos homens e mulheres do século XXI.
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