Por Caio Renan
As manifestações que tomaram conta do Brasil nos últimos meses trouxeram para às claras uma realidade que pouco é tratada na grande mídia e que grande parte da classe média brasileira prefere não enxergar: a truculência da polícia. Nas passeatas por todo o país, os confrontos entre manifestantes e policiais militares, quase sempre, foram frequentes e fizeram vítimas de todos os tipos.

Os ataques mistos de bombas, spray de pimenta e bala de borracha trouxeram muitas opiniões a respeito das ações policiais nos protestos. Essas opiniões, assim como todas as amplamente reproduzidas pelos meio de comunicação hegemônicos, variaram muito. No início, quando ainda buscavam tratar as manifestações como atos de vândalos, alguns dos mais conhecidos jornais do país pediam mais vigor das forças policiais. Depois, com a reviravolta do discurso que veio junto com os vários jornalistas feridos pela polícia, vimos discursos aos montes falando em "excessos" e "despreparo". No entanto, será que essas são as palavras para descrever os atos policiais?
A resposta para essa pergunta é um retumbante "Não". O que vimos nos protestos não foi nada além do que a nossa polícia militar agindo como sempre age. O choque de realidade causado ao ver a PM agindo com tal agressividade em cima da classe média foi enorme e causou frenesi em muitos. No entanto, essa ação é corroborada nos mais diversos setores da mídia e a classe média quando são feitas em favelas. Com o pretexto da guerra ao tráfico, a polícia invade essas comunidades e reprime de forma ainda pior do que do que fez às vistas do público nas muitas manifestações que vimos. O caso das mortes na Maré exemplifica o contraste entre as reações e o egoísmo da nossa sociedade.
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As manifestações pelo Brasil clamam por mudanças efetivas em vários pontos de nossa política e formas de governo. Mas devemos observar e perguntar a nós mesmos qual é o papel de uma força policial e qual o papel que a PM desempenha nesse país. Se nossa população, em especial a classe média, deseja as mudanças que pediu em meio aos diversos protestos realizados pelo país, deve deixar de ser conivente com tais atos de abuso policial quando estes não atingem seus filhos.
Enquanto não começarmos a enxergar a polícia militar como um braço de repressão do Estado, enquanto buscarmos justificar as atitudes abusivas destes, enquanto idolatrarmos a figura do "Capitão Nascimento", não poderemos passar por nenhum tipo de mudança profunda. É necessário derrubar toda a estrutura militar - que tanto trouxe problemas a esse país - e civilizar em todos os aspectos as nossas forças de segurança. Só assim, poderemos ter voz. Todos nós.
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