Por Mianon Nascimento
#manifestação, #vemprarua. Pesquisando rapidamente nas redes sociais, nas últimas semanas, foram inúmeras postagens e fotos com essa tag. As manifestações recentes que emergiram em São Paulo devido ao aumento das passagens de ônibus adquiriram proporção nacional e predominaram nas redes sociais. Multiplicavam-se relatos e imagens em tempo real sobre o que acontecia, ao mesmo tempo em que os jovens estavam nas ruas para reinvidicar, permaneciam online exibindo seus cartazes com frases de efeito, rostos pintados, divulgando informações. Entretanto, em muitos discursos virtuais não se discutia a atual organização política, conflitos de poder ou problemas sociais, percebia-se, apenas, o interesse que os jovens nutriam em demonstrar que enfim participavam de uma mobilização.
Em uma das passeatas no Rio de Janeiro vi pessoas que gritavam frases de ordem ansiando por mudanças e também outras que em uma mão seguravam cartazes e na outra o celular para tirar fotos de si e de todos. Para a sociologia contemporânea vivemos em uma época comandada pelo individualismo aliado ao capitalismo que resulta em conformismo. Nos cartazes das manifestações essa geração negava o conformismo. Lia-se: “jogaram mentos na geração coca-cola.”
Ainda que a internet enquanto ferramenta consiga mobilizar milhões de pessoas pelo seu poder de alcance de massa, é nela que percebemos discursos vazios de sentidos em eventos convocando passeatas e mobilizações. Sem muito refletir as pessoas confirmavam presença. Qual o objetivo de ir a determinado lugar para se juntar a outras milhares de pessoas?
O que chama a atenção nesse contexto é que mais importante do que ter um objetivo a reivindicar é um eu vaidoso que anseia por mostrar a sua foto postada registrando publicamente o feito heróico.
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