Por Mariana Ghetti
O aumento das passagens de ônibus em junho despertou de uma forma diferente a indignação da população brasileira. Tudo começou nas grandes capitais, mas tomou uma proporção muito maior e, em pouco tempo, mobilizou milhares de pessoas. Não por acaso as atenções estavam voltadas para o Brasil por conta da Copa das Confederações, mas os manifestantes souberam aproveitar esse momento para reivindicar seus direitos. Diante da grandiosidade dos manifestos, a mídia foi obrigada a noticiar tudo que acontecia.
Como estudante de jornalismo e usuária de redes sociais, algo que me chamou a atenção sobre as manifestações foi o poder de mobilização da internet. Diversos protestos e ações tiveram início nas redes sociais, que tiveram um papel muito importante nos movimentos. Através das redes foi possível saber detalhes sobre as manifestações, antes, durante e depois que elas aconteciam. Quem estava presente podia dar informações importantes sobre o que estava acontecendo. Além disso, na web surgiram diversos debates, mesmo que superficiais, entre os usuários. Cada um pôde demonstrar a sua visão das manifestações.
Por outro lado, essa grande mobilização gerada, em grande parte, pelas redes sociais também atraiu muitas pessoas sem um propósito. Algo que também pude reparar nas manifestações foi a presença de quem não sabia pelo que estava lutando. Nas ruas havia gente de todo tipo, e muitos mostravam-se sem foco e propósito. Particularmente, acredito que essas pessoas foram grande parte dos que compareceram às manifestações, movidos por diversos sentimentos. Não há como negar o lado positivo disso, mas também é preciso saber pelo que se luta, para aí sim reivindicar por melhorias.
Acredito que por mais que o país ainda precise de muitas mudanças, o povo conseguiu dar seu recado e mostrar a força que tem. Mesmo que talvez essa motivação tenha partido das redes sociais ou da mídia, e não de um sentimento espontâneo, o povo sabe que pode reivindicar mudanças em todos os âmbitos, pois entende que todas as decisões tomadas pelos políticos afetam diretamente suas vidas.
Talvez essas tenham sido as grandes lições: para o povo, maior engajamento nas questões que dizem respeito ao futuro do país; para a mídia, a valorização das redes sociais como forma de produção direta de conteúdo informativo, além de entender o que é de interesse do público (em um momento voltado para os esportes, esse não foi, nem de longe, o foco da população); e para o governo, o poder de mobilização que os cidadãos desse país têm.
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