Por Igor Pinheiro
"O gigante acordou", "o Brasil foi pra rua" e muitos outros gritos tomaram a conta da boca de brasileiros na segunda metade do mês de junho. A onda de manifestações que se espalhou pelas principais cidades do país já entrou para história e começa (ou parece) a mudar os rumos da política nacional. A grande mídia também foi afetada, mudanças repentinas de discurso e ocultação de fatos dessa vez não passaram despercebidas por um público cada vez mais conectado às redes sociais. Mas e aí? Boa parte das pessoas continua preocupada e atenta às mudanças geradas pela manifestação, não só políticas, também sociais, mas definitivamente não é a mesma coisa. Não que fosse para todos só falarem disso, é claro, o problema é tudo ir voltando, pouco a pouco, a ser como era antes.
Todos foram afetados pelas manifestações, mesmo não participando ou até sabendo os motivos dela. Quem não pôde ir, tentou colaborar de sua forma, nem sempre de forma bem sucedida, como o foi o caso de Eduardo Viveiros, responsável pelo texto sobre moda nas manifestações publicado no blog da consultora Gloria Kalil, muito criticado por quem viu.
Brasileiros que moram no exterior foram responsáveis por diversos atos de apoio à população do país em seu momento de reivindicações, seja em universidades ou até mesmo na rua. Houve a identificação com manifestações que já mudaram diversos países do mundo e começou a se falar sobre situações pouco conhecidas do Brasil no exterior.
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A imprensa internacional também teve seu papel de divulgação, mesmo que com um pouco de atraso. Com publicações feitas sempre dois ou três dias depois de alguma grande manifestação brasileira, o assunto foi capa de jornais como Le Monde e The Washington Post. O mundo acordou para a situação no Brasil.
A mudança foi significativa, óbvio, mas falta interesse. Foi um movimento bonito e tudo mudará a partir dele, mas não se pode ignorar o que está de errado dentro do próprio movimento. Os atos de vandalismo cometidos por quem não estava entre os manifestantes, a participação de pessoas que nem sabiam o real motivo de estar ali, os que foram só para daqui a alguns anos dizer que foram lutar pelo Brasil nas ruas... Talvez seja hora de uma mudança de manifestação por conta de uma possível banalização da ida para as ruas. Não pode perder o sentido, mas era o que estava acontecendo nas últimas manifestações, onde cada pessoa apoiava uma causa, cada um tinha o seu motivo. Lutar por todas as causas pode ser a mesma coisa que lutar por nada. Tudo deve ser pensado, mas não se pode parar e o gigante não pode voltar a dormir (mesmo que nunca tenha deixado de estar acordado).
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