Por Mariana Penna
O Brasil está vivendo um momento ímpar na sua história, que teve como estopim o peso no bolso do trabalhador, o aumento da passagem de ônibus. Começando na cidade de São Paulo com apenas três mil pessoas, as manifestações populares ganharam força em todo o país, chegando ao impressionante número de 1 milhão de pessoas na Avenida Presidente Vargas, na cidade do Rio de Janeiro. Esse número, porém, foi mensurado pela grande mídia, sendo, então, questionado por aqueles que lá estiveram presentes.
A cobertura feita pela mídia hegemônica tem sido cada vez mais covarde com a liberdade de expressão da população brasileira, compactuando sempre com os interesses da burguesia e do governo. Os canais de televisão aberta, rádios, jornais e sites seguem uma linha editorial que criminaliza os movimentos sociais e populares, usando de maneira abundante a palavra “vandalismo” para qualquer tipo de ato dos quais eles discordem.
O “Vândalo” dos jornais é aquele que não aceita sofrer os abusos da polícia militar brasileira, uma polícia covarde que pratica de maneira brutal a sua função de reprimir e atacar a população que exerce seu direito de se expressar nas ruas. O “Vândalo” da TV é aquele que revida balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo com paus e pedras, na simples intenção de dizer que está cansado de ser tratado como animal e de não ser ouvido. Mas quem está nas ruas sabe quem são os verdadeiros vândalos que a grande mídia não mostra. Quem está vandalizando a situação cada vez mais é o Estado, abusando do povo, com impostos cada vez mais altos, salários cada vez mais injustos e qualidade de vida humilhante. Quem vandaliza é a polícia, que segue os manifestantes como bandidos, cujo simples crime foi o de expressar sua insatisfação contra esse sistema em que vivem.
Para mostrar o outro lado, existem as mídias alternativas, que seguem na luta de informar a população e ajudar a disseminar as verdades sobre os fatos. Criada em junho de 2013, a Alternativa é um grupo de comunicadores populares do Rio de Janeiro, que se uniram para fazer a sua própria cobertura dos protestos da cidade e arredores, a fim de mostrar de forma verdadeira o momento em que vivemos. Eles contam com a participação de rádios e jornais comunitários, revistas alternativas e ativistas da mídia livre. O último trabalho feito por eles foi um vídeo da manifestação que aconteceu na Avenida Brasil, em repúdio à chacina na Favela da Maré, no dia 25 de junho de 2013.
Outro grupo disposto a rebater o discurso da mídia comercial é a Mídia NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação). Criado em março de 2013, iniciou suas atividades mostrando as manifestações que aconteciam pelo mundo, mas cresceu com as coberturas que fazem ao vivo das manifestações populares em todo o Brasil. De um celular, eles percorrem todo o movimento, mostrando o que está acontecendo de fato, e transmitem tudo em seu canal online.
Além disso, as redes sócias estão sendo de grande importância para organizar os movimentos, marcar o local de concentração das manifestações e convocar a maior quantidade de gente possível. Uma das páginas que exerce essa função de maneira excelente é a Anonymous Rio, no caso mais específico para a metrópole do Rio de Janeiro, mas também existem outras paginas do mesmo grupo para diferentes partes do Brasil. Nesta página, eles divulgam vídeos das manifestações e fazem denúncias de, por exemplo, abusos policiais, farsas divulgadas pela grande mídia e também denúncias dos próprios manifestantes.
Com o número de seguidores cada vez maior, esses comunicadores vão crescendo e atingindo seu objetivo de trazer à tona a verdade sobre o momento histórico que estamos vivendo. A população precisa de informação de fato, sem interferência de interesses de terceiros, para que assim, então, possa conquistar suas reivindicações.
Foto: Alternativa
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