Por Mianon Nascimento, Patrícia Fernandes e Priscila Mondo
Como leitoras assíduas e apaixonadas, devemos dizer que a constante e lucrativa adaptação de obras literárias para o cinema nos incomoda profundamente. Em especial no caso do legado de Jane, que é tão marcante, não somente pelas obras em si, mas pelo que representaram e representam. Jane deu voz ao mundo feminino em uma época na qual isso não ocorria. O fato de essa voz ter vindo de uma mulher em um momento em que isso era motivo de zombaria incentivou outras mulheres a encontrar suas próprias vozes quando elas sequer sabiam que as possuíam.
Entretanto, é preciso confessar que esses temores foram totalmente injustificados, pois assistir aos filmes, minisséries, fanfictions e demais produtos midiáticos inspirados na vida e obra da brilhante britânica apenas nos fazem querer conhecer mais os seus trabalhos e, é claro, reler os já conhecidos.
Na verdade, esses “pós-produtos” de Jane Austen têm sua contribuição para a atmosfera de sonho criada pela escritora. O sonho de uma sociedade mais simpática ao amor, apesar das distinções sociais e o sonho que temos, hoje, de uma sociedade mais simpática ao amor, apesar das preocupações da vida urbana e das conturbações do mundo pós-moderno.
É por isso que o filme e a série inspirados em Razão e Sensibilidade foram tão importantes para a nossa própria leitura do livro. Eles nos fazem entender que Elinor não tem um “coração de pedra”, mas precisa se comportar de modo sensato, pois ninguém mais o faz em sua família. Da mesma forma, Marianne não é uma “cabeça de vento”, apenas está mais próxima da infância do que da vida adulta, se aproximando de sua irmã mais nova, Margaret, nas brincadeiras e vendo em sua mãe alguém igualmente apaixonada pela vida. Ah, e, é claro, tendo nos livros um incentivo extra para seus sonhos românticos.
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