A Casa Cavé é a mais antiga cafeteria do Rio de Janeiro. Ela foi fundada em 1860 pelo francês Charles Auguste Cavé. O café sempre foi frequentado por grandes figuras públicas, como o Marechal Deodoro da Fonseca, o barão do Rio Branco, Olavo Bilac, Ruy Barbosa e prefeito Pereira Passos.
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Imagem: Blog Mercado Mistureba.[/caption]
No passado, sua especialidade culinária era o sorvete, de fabricação própria e com decoração exclusiva. As taças de sorvete possuíam múltiplos formatos, como animais, cestas de frutas e pirâmides. O produto, que explorava as novidades na apresentação, e conservava um sabor especial, atraia a atenção de muitos, ajudando a construir a fama da casa. Atualmente, o papel de carro chefe da confeitaria é ocupado pelas torradas e os doces, principalmente, a tradicional receita dos pasteis de belém.
Nos anos 80, por questões de preservação arquitetônica do prédio histórico, com o projeto do Corredor Cultural da cidade, o café precisou se mudar para o espaço da rua Sete de Setembro. Em seu lugar, foi aberto a Manon, outro café tradicional do Rio de Janeiro.
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Imagem: Blog Mercado Mistureba[/caption]
Fato interessante é que o novo endereço da Cavé era, anteriormente, ocupado pela Chapelaria Radiante, onde foi feito o conhecido acessório da cantora Carmem Miranda. Desse modo, mesmo com a mudança, o café se manteve na rota de resgate das memórias da vida no Rio Antigo.
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Imagem: Blog Por Todos os Lados[/caption]
Segundo o blog Rio Curioso, havia, nas imediações, outro espaço com o estilo da Cavé. Era a confeitaria Lalet, fechada quando sua dona, uma senhora francesa, faleceu. Provavelmente, estava localizada em um lugar bem próximo, pois era costumeiro o jogo de palavras: “Quem vem de lá lê: quem vem de cá vê”, uma brincadeira com o nome das duas confeitarias muito famosas, à época, na cidade, além da Confeitaria Colombo , nascida em 1894.
No salão da Cavé, paira uma sensação de congelamento no tempo, com certa aura de passado, pois apresenta um pouco do Rio Antigo. Talvez seja a memória de tempos em que não havia a pressa e a impessoalidade das grandes cadeias de fast-food.
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Imagem: Extra, Globo.[/caption]
Essa característica é apontada por Wilson Ramos, que trabalha no café há 35 anos. O garçom ainda se lembra dos pedidos de pessoas ilustres, como o chocolate com torradas Petrópolis de Carlos Drummond de Andrade. Ele diz que preferia o modo antigo, quando as pessoas eram mais tranquilas e iam à casa com o objetivo de aproveitar os momentos ali.
Assim, o profissional ressalta, entre os diversos públicos da casa, que recebe desde crianças até idosos, os frequentadores remanescentes. Ele coleciona histórias de casais, nascimentos e até algumas despedidas.
Mais encontros do que desencontros, suas memórias estão repletas de famílias que, de geração a geração, vão visitando o café para ter um gostinho dos elementos agradáveis de tempos passados. Um exemplo desse movimento de volta ao tempo atrelado às relações familiares é a estudante de economia Stéphanie Lopes, que conheceu o espaço através de sua mãe. Ela aprovou e voltou à casa outras vezes, provando que o prazer experimentado com o ambiente e as delícias da Cavé é atemporal.
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