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Casa Cavé - o café pioneiro no centro do Rio

Por Patrícia Fernandes

A Casa Cavé é a mais antiga cafeteria do Rio de Janeiro. Ela foi fundada em 1860  pelo francês Charles Auguste Cavé. O café sempre foi frequentado por grandes figuras públicas, como o Marechal Deodoro da Fonseca, o barão do Rio Branco, Olavo Bilac, Ruy Barbosa e prefeito Pereira Passos.




[caption id="attachment_2125" align="aligncenter" width="320"]Antiga fachada, na Rua Uruguaiana. Imagem: Blog Mercado Mistureba. Antiga fachada, na Rua Uruguaiana.
Imagem: Blog Mercado Mistureba.[/caption]

No passado, sua especialidade culinária era o sorvete, de fabricação própria e com decoração exclusiva. As taças de sorvete possuíam múltiplos formatos, como animais, cestas de frutas e pirâmides. O produto, que explorava as novidades na apresentação, e  conservava um sabor especial, atraia a atenção de muitos, ajudando a construir a fama da casa. Atualmente, o papel de carro chefe da confeitaria é ocupado pelas torradas e os doces, principalmente, a tradicional receita dos pasteis de belém.


Nos anos 80, por questões de preservação arquitetônica do prédio histórico, com o projeto do Corredor Cultural da cidade,  o café precisou se mudar para o espaço da rua Sete de Setembro. Em seu lugar, foi aberto a Manon, outro café tradicional do Rio de Janeiro.




[caption id="attachment_2130" align="aligncenter" width="282"]Fachada do endereço atual. Imagem: Blog Mercado Mistureba Fachada do endereço atual.
Imagem: Blog Mercado Mistureba[/caption]

Fato interessante é que o novo endereço da Cavé era, anteriormente, ocupado pela Chapelaria Radiante, onde foi feito o conhecido acessório da cantora Carmem Miranda. Desse modo, mesmo com a mudança, o café se manteve na rota de resgate das memórias da vida no Rio Antigo.




[caption id="attachment_2131" align="aligncenter" width="282"]entrada-interno Corredor de entrada da Cavé
Imagem: Blog Por Todos os Lados[/caption]

Segundo o blog Rio Curioso, havia, nas imediações, outro espaço com o estilo da Cavé. Era a confeitaria Lalet, fechada quando sua dona, uma senhora francesa, faleceu. Provavelmente, estava localizada em um lugar bem próximo, pois era costumeiro o jogo de palavras: “Quem vem de lá lê: quem vem de cá vê”, uma brincadeira com o nome das duas confeitarias muito famosas, à época, na cidade, além da Confeitaria Colombo , nascida em 1894.


No salão da Cavé, paira uma sensação de congelamento no tempo, com certa aura de passado, pois apresenta um pouco do Rio Antigo. Talvez seja a memória de tempos em que não havia a pressa e a impessoalidade das grandes cadeias de fast-food.




[caption id="attachment_2132" align="alignleft" width="174"]Wilson Ramos, o mais antigo garçom da Cavé. Wilson Ramos, o mais antigo garçom da Cavé.
Imagem: Extra, Globo.[/caption]

Essa característica é apontada por Wilson Ramos, que trabalha no café há 35 anos. O garçom ainda se lembra dos pedidos de pessoas ilustres, como o chocolate com torradas Petrópolis de Carlos Drummond de Andrade. Ele diz que preferia o modo antigo, quando as pessoas eram mais tranquilas e iam à casa com o objetivo de aproveitar os momentos ali.


Assim, o profissional ressalta, entre os diversos públicos da casa, que recebe desde crianças até idosos, os frequentadores remanescentes. Ele coleciona histórias de casais, nascimentos e até algumas despedidas.


Mais encontros do que desencontros, suas memórias estão repletas de famílias que, de geração a geração, vão visitando o café para ter um gostinho dos elementos agradáveis de tempos passados. Um exemplo desse movimento de volta ao tempo atrelado às relações familiares é a estudante de economia Stéphanie Lopes, que conheceu o espaço através de sua mãe. Ela aprovou e voltou à casa outras vezes, provando que o prazer experimentado com o ambiente e as delícias da Cavé é atemporal.


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