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O grito "frágil": dois séculos de luta

*Por Gabriela Vasconcellos e Marcela Macêdo

O feminismo é um movimento criado no século XIX, em que as mulheres buscavam diretos políticos, econômicos e também sobre seus corpos, como o fim de casamentos arranjados. Já nas décadas de 1960 e 1970, a chama feminista foi reacendida. O livro “A Mística Feminina de Betty Friedan, cuja publicação foi em 1963, critica a ideia de que as mulheres poderiam encontrar satisfação apenas através da criação dos filhos e das atividades do lar. A autora afirma que a existência de um falso sistema de crenças faz com que as mulheres se concentrem em seus maridos e filhos e percam completamente a sua identidade como indivíduo, como mulher. “A Mística Feminina” é considerado um dos livros de não-ficção mais influentes do século XX.


Talvez por ser um movimento tão antigo é comum ouvirmos que o feminismo é ultrapassado e que homens e mulheres já possuem direitos iguais. Para a estudante de jornalismo da Universidade Federal Fluminense Mariana Vita, existe um processo de “apagamento do movimento feminista”, que causa a sensação de que os direitos adquiridos vieram espontaneamente, e não em forma de luta. Ela complementa: “As pessoas vêm me dizer que tem causas mais importantes pra se lutar do que o feminismo... que as mulheres já conquistaram tudo o que precisavam conquistar. Pra perceber o engano nisso, basta perguntar ao google, entrar no site do IBGE. A quantidade de blogs com depoimentos de mulheres vítimas de violência. Muitos casos têm algo em comum: impunidade e constrangimento da vítima em procurar a polícia. Isso mostra que não são casos pontuais, porque existe uma repetição de padrão neles.  Acho que o grande preconceito que nós, feministas, enfrentamos é acharem que não somos necessárias. E que, portanto, estaríamos gritando por gritar.”


Deve-se colocar na conta do feminismo a conquista de direitos nos mais diversos campos no mundo ocidental: político (direito ao voto, direito de propriedade), direito da mulher (proteção contraceptiva, fim dos casamentos arranjados, proteção contra violência doméstica, estupro, abuso sexual), direitos trabalhistas (maior equiparação de salários, licença maternidade), entre outros.


Hoje, a luta por muitos desses direitos continua. A equiparação de salários, por exemplo, ainda é uma das bandeiras do movimento. Segundo dados do IBGE, as mulheres ganham 30% menos que os homens para exercer a mesma função, e a média de escolaridade é maior – enquanto os homens estudam 8,2 anos, as mulheres estudam 9,2.


Para Lola Aronovich, autora do maior blog feminista do Brasil (Escreva Lola Escreva), é difícil falar de um feminismo só: “Existem feminismos. Mas, de modo geral, as feministas querem legalizar o aborto, acabar com a violência contra a mulher, e não deixar sem resposta os frequentes ataques às minorias”, afirma.


Elas protestam também contra a homofobia e o racismo, como pôde ser visto nas Marchas das Vadias espalhadas pelo Brasil no ano de 2013.

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