Toda nudez será castigada
O Brasil está nu. De repente a capa que cobria nossas vergonhas caiu e deixou a opinião pública internacional boquiaberta diante da nudez das contradições tupiniquins. E o corpo que se viu não era sarado, esbelto, mas uma figura disforme. Deu para ver o tumor de uma corrupção maligna, a cicatriz maquiada do autoritarismo, as escaras de serviços públicos pífios e as feridas de uma epiderme marcada por anos e anos de descompasso entre povo e Estado.
Trata-se de uma realidade surpreendente para o olhar de fora. As vestes que escondiam o Brasil nu eram feitas de adereços de coloridos estereótipos, pregados em um tecido de senso comum que fazia de nós o país das maravilhas, do tão famoso tripé sexo, futebol e carnaval. E os jornais se perguntaram: “Por que isso agora, Brasil? Vocês estão indo tão bem, têm tanto a comemorar...” Não entendiam o que nós vivemos. O que vivem os mais pobres, sobretudo.
Foram dias esquisitos em que malditos (ou benditos) 20 centavos serviram como o palito de fósforo para um barril que vem se enchendo de pólvora há tempos. Pedidos de legalização do vinagre (!), facebook se confirmando como a temida pólis contemporânea, rumores de golpe. Medo da mudança e medo de nada mudar. Dias de dar nó nas cabeças de cientistas políticos e sociais, capazes de nos intrigar na academia, na fila do pão, nas falas mais eloquentes e nos saborosos papos de botequim.
E a loucura desses dias chegou ao IACS com força: um amigo foi preso pelo porte de uma Nikon D90 de grosso calibre, com a qual liderava uma quadrilha formada na hora com um mendigo, um aposentado, uma dona de casa e mais um bando de estudantes de alta periculosidade. Dias esquisitos mesmo.
Além do inevitável tema das manifestações que tomaram o país, retratadas em um ensaio fotográfico especial, que você pode conferir logo abaixo e na versão impressa, essa edição trata de outras inquietações nossas de cada dia. Nossa capa traz o problema da descaracterização do Rio a serviço de um projeto de cidade que não é para as pessoas, mas que serve à especulação imobiliária. Na Estante, a orquestra no Morro da Grota faz barulho em uma comunidade marcada pelo silêncio do poder público.
Boa leitura. Entre e não feche a porta!
Guerras Juninas
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[…] http://jornalocasarao.com/2013/09/19/o-casarao-no3/ Gabriel Vasconcelos e Mário Cajé […]
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