Por Gabriela Vasconcellos, Marcela Macêdo e Mariana Penna
A sociedade de hoje ainda vive sob as leis do moralismo, o que impede que as pessoas assumam suas relações sexuais, apesar de ser implícito na vivência de cada um. Historicamente, as mulheres tiveram que batalhar por seus direitos - de trabalhar fora, votar, estudar, decidir quando e com quem se casariam e, também, escolherem com quem vão se relacionar sexualmente.
No que toca a libertação sexual, foi fundamental a invenção da pílula anticoncepcional, em 1956. Ela representou um grande marco, pois deixava claro que as mulheres não faziam sexo apenas para reproduzir, mas também para sentir prazer. Além de facilitar que elas se relacionassem com mais de um parceiro.
A luta por direitos iguais e uma sociedade não machista, no entanto, não acabou. Uma das provas disso é a naturalização da ofensa à mulher que assume determinadas posturas sexuais. Fran afirmou que recebeu muitas mensagens ofensivas, inclusive de pessoas oferecendo dinheiro em troca de um programa (prostituição). Além disso, os xingamentos usados são exclusivos para mulheres (não existe equivalente masculino para os termos “vadia” e “piranha”, por exemplo). Dentro do feminismo, essa prática recebe o nome de “slut shaming”, que é fazer uma mulher se sentir culpada por determinados comportamentos (não apenas sexuais, mas também usar uma roupa curta, por exemplo) através de insultos. Essa questão é muito abordada na manifestação que tomou proporções mundiais, a Marcha das Vadias.
Por outro lado, os homens declaram seu desejo por mulheres da pornografia, dos vídeos e das revistas. Mulheres que expõem seus corpos de maneira sensual, sem vergonha de partilhar suas intimidades com muitos. Outra grande crítica do feminismo é que estes mesmos homens, ao encontrarem alguém com as mesmas características em seu dia-a-dia, as julgam não dignas de seu respeito para namorar ou casar.
Desde a década de 70, com o avanço da indústria cinematográfica, os filmes pornográficos vêm ganhando espaço no mercado. É de praxe que nestas produções seja explorada a imagem da mulher, na maioria das vezes submissa ao homem. Segundo pesquisa feita pelo Instituto Witherspoon dos Estados Unidos, com o avanço da internet, o conteúdo pornográfico vem sendo consumido com mais frequência do que nunca. Uma das pesquisadoras ainda acrescenta que esse tipo de produção aumenta a insensibilidade com relação às mulheres e reduz o apoio ao movimento de libertação feminina.
Segundo estudiosos, como a blogueira feminista Lola Aronovich, a indústria pornográfica contribui para criar ainda mais estereótipos para as mulheres. Um exemplo, para Lola, é que atualmente existem cirurgias plásticas para “corrigir a vagina”, o que na realidade é uma cirurgia puramente estética e não de correção de algum defeito.
Mesmo com tudo isso, ainda é difícil quem assuma e aceite as relações sexuais sem as amarras da moral religiosa, desfazendo o tabu cultivado na sociedade em geral, que relaciona quem faz sexo à imoralidade e à impureza. Embora entre quatro paredes todos tenham a mesma vontade, existe uma cortina de hipocrisia que nega os instintos humanos de desejo e prazer, natural a todos, e que ainda sofrem séria censura.
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