Em momento de crescimento da arte contemporânea no Brasil, um dos ícones do gênero retorna ao seu país de origem com duas grandes exposições
Por Jéssica Pietrani, Mariana Jardim e Mariana Pitasse
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Quem caminhar pelo terceiro andar do Museu de Arte Moderna do Rio, se depara com a perfeita revelação da dicotomia entre peso e leveza. Entre as peças expostas, estão placas de aço amassadas como simples folhas de papel, materiais brutos como ferro, aço e mármore também assumem formas orgânicas, onde o equilíbrio é um dos principais elementos. As obras fazem parte da exposição “Frida Baranek – Confrontos”, aberta ao público carioca desde 30 de outubro até 5 de janeiro.
A artista carioca Frida Baranek ficou conhecida a partir da chamada “Geração 80”, e há mais de vinte anos mora no exterior. “Confrontos”, a maior exposição da artista no país, tem curadoria da historiadora da arte e pesquisadora Catherine Bompuis, que reuniu obras produzidas em diferentes cidades e épocas de sua pesquisa, entre 1985 e 2013. “Sem pretender ser uma retrospectiva, as obras de Frida escolhidas para esta exposição obedecem a uma vontade de tornar visível um percurso iniciado em 1985. Cada obra aparece como a narrativa de um momento de seu percurso. A exposição deve revelar essa experiência singular no tempo – ou melhor no tempo da obra – e compartilhá-la”, destaca a curadora.
Assista aqui matéria veiculada pela Globo News sobre a exposição.
As peças de Frida chamam atenção não só pela forma, mas pelo processo de construção e montagem cuidadosamente arquitetados - que ela explica com facilidade. “A concepção se assemelha a um projeto de uma casa. Antes de colocar a mão na massa, é necessário fazer um orçamento e planejar estruturalmente, onde cada peça será colocada. Minhas obras são feitas em etapas, mas não necessariamente saem como planejado. Às vezes, do ‘erro’, surgem novas formas interessantes”, afirma a artista, que também é formada em arquitetura.
Entre as obras está exposta “Unclassified”. Com mais de quatro metros de altura e 1,5 tonelada, é construída com partes de aviões excedentes da indústria militar americana e sucata de aço inox. A peça, feita há 20 anos para a exposição “Latin American Artists of the XX Century”, do MoMA de Nova York, é a principal representante das produzidas a partir de materiais brutos. “Sempre trabalhei com eles e acho que não os escolhi, eles é que me escolheram. Minha formação me colocou em contato com materiais industriais e aprendi a me expressar pelo significado que eles podem assumir”, explica.
Novas instalações também foram pensadas para o espaço do MAM, entre elas está “Armadilha”. Feita em ferro e arame galvanizado, a grande escultura arredondada tem 3,20m de diâmetro, e 2,70m de altura. “Ela é composta por um único fio condutor, que constrói toda a estrutura da obra. É uma alusão a armadilhas figurativas, a uma metáfora à própria obra de arte”, destaca Frida. “O espaço de uma exposição é um espaço de captura do pensamento, que mantém suas vítimas – os visitantes – em suspensão. Nesta peça, o espectador transfere seu corpo para dentro dela“, observa.
Além das grandes instalações expostas no MAM, é possível ver mais Frida Baranek na H.A.P Galeria. Desde a última semana, a galeria apresenta um conjunto cronológico de peças produzidas pela artista entre 1994 a 2011. Com caráter retrospectivo, a mostra reúne três esculturas além de gravuras. “As duas exposições são complementares e formam visão plena completa da obra”, afirma a artista. A H.A.P Galeria fica na Rua Abreu Fialho, 11, no Jardim Botânico.
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