
Por João Pedro Marins, Lucas Raposo e Vinícius Damazio
Inicialmente programado para ser inaugurado em 2012, o Hospital Regional de Saquarema está com as obras atrasadas. Agora, a previsão para conclusão da unidade é para o ano que vem. Enquanto isso a população da cidade tem apenas um hospital público à disposição. Coincidentemente ou não, a obra só deve ser concluída perto das próximas eleições.
Desenvolvido a partir de um convênio com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, o Hospital Regional, que vai atender à população de toda a Região dos Lagos, teve sua inauguração adiada por duas vezes. Segundo a previsão divulgada no final de 2012, a obra estaria concluída em abril de 2013. Porém após novos atrasos, a data de entrega dos prédios à população ficou para março de 2014.
Situado a 500 metros da Rodovia Amaral Peixoto e a menos de 1 km do centro de Bacaxá, a unidade está sendo construída no bairro Resinga, ao lado da Barreira. A obra estava orçada em cerca de R$ 12 milhões, mas já passa dos R$ 18 milhões. Segundo a assessoria da Prefeitura, o aumento no valor inicial da obra é causado por contratempos no processo de construção do hospital.
O novo hospital de Saquarema acompanha a política de saúde do atual governo estadual de regionalizar o atendimento de alta complexidade no interior do estado. Ao todo serão quatro grandes blocos de prédios com três andares cada. Segundo o secretário municipal de Saúde, Carlos Eduardo, o hospital irá oferecer 80 leitos ( sendo 20 de UTI para adultos), Centro Cirúrgico Geral e Centro Cirúrgico Obstétrico, pronto-atendimento, serviço de diagnóstico por imagens, Nutrição com armazenamento individualizado e climatizado para os vários tipos de gênero alimentício, necrotério, sala de atendimento para isolados e em quarentena, além de Clínica Médica e Cirúrgica, Obstetrícia, Pediatria, Ortopedia e Traumatologia. Inicialmente o hospital será administrado pela prefeitura em parceria com o governo estadual.
[caption id="attachment_3340" align="alignright" width="256"]

Com uma população de 75 mil pessoas, segundo IBGE/2010, a cidade de Saquarema tem hoje como principal unidade de atendimento o antigo Hospital Municipal Nossa Senhora de Nazareth, que entrou em reforma em junho de 2009.
Segundo o secretário de Saúde, a reforma do principal hospital não está prejudicando a saúde do município: “Nosso hospital atende em média a 290 pessoas por dia. A média de internações é de oito a dez pessoas/dia. Por isso, tenho certeza que a população não está sendo prejudicada, pois os atendimentos emergenciais e ambulatoriais continuam sendo feitos normalmente”, afirmou o secretário. As internações e casos mais graves estão sendo remanejados para o Hospital Regional de Araruama, a 20 km de Saquarema.
De acordo com a Secretaria de Saúde, a maternidade do Nossa Senhora de Nazareth vai ser transferida para o novo regional assim que as obras estiverem concluídas. No lugar da maternidade, será ampliada a área para atendimento de emergência e para o pronto-atendimento de traumas de adultos e crianças. Depois de uma primeira avaliação, os casos mais graves serão transferidos ao regional.
Para a melhora que a população espera, porém, muito trabalho ainda deve ser feito, como analisou o atual diretor do Hospital Nossa Senhora de Nazareth, Marcos Oliveira, 50 anos. “Como em todo país, Saquarema está com déficit de políticas de saúde que busquem na medicina preventiva a diminuição de custos com a doença já instalada. A cidade também sofre com a falta de efetivo médico e com o precário funcionamento de alguns postos de saúde. Esperamos que com essa nova possibilidade aberta pela parceria com o estado do Rio de Janeiro, as coisas melhorem. Mesmo que não imediatamente, mas que já caminhem para um resultado positivo.”
Para o médico, a falta de profissionais da saúde capacitados e sempre mal remunerados nas emergências, a falta de oferta de vagas para a população no atendimento ambulatório de especialistas e políticas de saúde visando apenas dar ênfase em pronto-atendimento estão entre os problemas enfrentados por todos. Porém, para o diretor, os problemas técnicos não são os mais graves.
Para ele, o governo municipal e suas políticas são os principais responsáveis pela a situação da saúde na cidade. “A falta de transparência nas políticas de saúde é decisiva e preocupante, pois conselhos municipais de saúde são montados ao gosto do poder executivo, sem muita avaliação de profissionais.”, afirmou o médico.
0 comentários: