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Marcha das Vadias chega a Niterói

Por Mayara Azevedo e Natália Nunes




[caption id="attachment_3177" align="aligncenter" width="300"]Foto: João Paulo de Faria Foto: João Paulo de Faria[/caption]

Ao celebrar no dia 25 de novembro, no  Twitter, o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a sociedade brasileira ainda é "sexista e preconceituosa". Segundo a chefe do Executivo, a violência contra as mulheres "envergonha" o país. “A violência contra a mulher envergonha uma sociedade que, infelizmente, ainda é sexista e preconceituosa”, escreveu a presidente no microblog. “É uma forma de preconceito do ‘mais forte’ contra a mulher apenas pelo fato de ser mulher”, completou.


Recentes casos de exposição da intimidade de mulheres na internet, como o da adolescente de 17 anos que cometeu suicídio após ter um vídeo íntimo divulgado na rede por um ex-namorado, têm suscitado no Brasil um debate sobre machismo.


Casos como esses motivaram, segundo as organizadoras, duas mil pessoas a irem às ruas de Niterói, no dia 26 de setembro. A legalização do aborto, quebra dos estereótipos ligados à roupa, defesa da laicidade do Estado, combate a toda forma de opressão também são lutas da Marcha das Vadias.


Tipicamente com mulheres sem blusa ou apenas de sutiã, com dizeres contra a opressão pintados no corpo, a Marcha de Niterói levantou algumas bandeiras específicas para a cidade. Entre elas a luta pela construção de mais creches públicas e contra o estupro. “Aqui em Niterói, tivemos um aumento gigantesco no número de estupros e não temos creches com horário integral, para que as mulheres possam trabalhar e deixar seus filhos” afirma Gabriela Vasconcelos, uma das organizadoras. De acordo com o Instituto Público de Segurança, nos últimos quatro anos o índice desse crime na cidade cresceu 247%.


Outra questão levantada pela Marcha das Vadias foi a legalização do aborto, que já é permitido, sem restrições, em 54 países, mas ainda é proibido no Brasil. Para Gabriela, um dos principais obstáculos para a legalização é a bancada evangélica do governo “A Igreja, como Instituição, pode condenar a prática do aborto. No entanto, cabem aos fiéis decidirem se vão ou não seguir as recomendações da Igreja. O que não pode acontecer é ela interferir nas decisões de um Estado que, na teoria, é laico”. Ela ainda acrescenta “Um dos principais argumentos de quem é contra a legalização é que o aborto se tornaria um método contraceptivo, mas isso não é verdade. O aborto é um processo complicado, dolorido e traumático. A legalização serve para que as mulheres que não desejam ter o bebê o façam sem risco de morte, e sem serem obrigadas a agir fora da lei, correndo ainda risco de serem presas”.




[caption id="attachment_3178" align="alignleft" width="197"]Foto: João Paulo de Faria Foto: João Paulo de Faria[/caption]

A manifestação reuniu homens e mulheres na luta por direitos iguais para os dois gêneros. O estudante Bruno Franco, de 21 anos, conheceu mais afundo a luta feminista incentivado por sua companheira, que é militante da causa. Ele foi às ruas para apoiar a causa. “Acho que a principal mudança que a marcha pode possibilitar é apresentar as causas e a temática com muita clareza e de uma forma que provoque a reflexão, porque a principal mudança é a ruptura de valores, ruptura de uma sociedade. Porque só assim vai haver uma mudança real, e não superficial” acredita.


A estudante Catherine Lira, de 25 anos, conta que compareceu à Marcha por acreditar que estar na rua é uma maneira de reivindicar seus direitos “Há quem diga que o machismo acabou, mas isso não é verdade. É importante lutarmos ao lado de todos os setores possíveis por um mundo onde as mulheres tenham seus direitos garantidos”, defende a estudante.


A Marcha de Niterói foi criada por coletivos de luta feminista, militantes de partidos políticos e simpatizantes da causa, que foram movidos pelas grandes Marchas realizadas no Rio de Janeiro.  Gabriela lembra: “Eu pensei em trazer a Marcha pra Niterói em 2012, depois de ir na do Rio. Comentei com algumas amigas - e companheiras de luta - mas ficou por isso mesmo. Um dia, uns amigos me mandaram o link do evento da primeira reunião para criação da marcha das vadias [em Niterói], eu cheguei junto e arrastei minhas amigas comigo."


A Marcha, que se concentrou na Praça Cantareira e seguiu até a Avenida Amaral Peixoto, uma das principais da cidade. Para a organizadora Júlia Paim, de 20 anos, o resultado da Marcha foi positivo. “Colocar duas mil pessoas na rua, com um mês de mobilização, não foi fácil. Famílias, mulheres com seus filhos, homens com suas companheiras, a Marcha apresentou bem as suas propostas e acredito que  elas foram bem aceitas”.




[caption id="attachment_3179" align="aligncenter" width="300"]Foto: João Paulo de Faria Foto: João Paulo de Faria[/caption]

Marcha das Vadias no Mundo


Em 2011, a Universidade de Toronto, no Canadá, registrou o aumento no número de casos de estupros dentro da Universidade. Em uma palestra sobre segurança no campus, o policial Michael Sanguinett orientou que “mulheres parem de se vestir como vadias para não serem vítimas”.


A repercussão foi grande e, no dia três de abril de 2011, três mil pessoas foram às ruas na primeira Marcha das Vadias, lutando contra a cultura de culpar as mulheres em casos de estupros. Como forma de manifesto, muitas mulheres se vestiram com roupas provocativas. A causa ganhou o mundo e diversas bandeiras feministas e contra a opressão foram incorporadas.


No Brasil, a primeira Marcha foi realizada em São Paulo, em junho do mesmo ano.  Atualmente, a Marcha ocorre em diversas cidades do país, como Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza, Florianópolis, Vitória, Curitiba, Salvador, Natal d Cuiabá.


Casos de estupro em Niterói tem aumento de 247%


Para saber mais sobre o feminismo, acesse: http://jornalocasarao.com/2013/11/20/machismo-vs-feminismo-a-falsa-dicotomia/


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