Em quase todas as conversas, de meninos a meninas, entre pais e filhos ou entre amigos às vésperas da puberdade, ela está presente: a virgindade. Em quase todos os casos – exceto, talvez, no dos pais para os filhos – o assunto é como perder. A juventude dos dias de hoje é marcada por este estigma. Perder para ganhar. Quando um jovem decide que é o “momento certo”, acredita que há todo um novo mundo de possibilidades, um novo mundo de opções, de histórias, de liberdade aberto a sua frente. Para a estudante do Ensino Médio que não quis se identificar, mas aceitou ser mostrada como J. “a virgindade é só uma construção social. Não há diferença nenhuma entre um corpo antes e o corpo depois do sexo. Eu ainda sou virgem, eu estou esperando a pessoa certa, mas é totalmente cultural.”
A cultura tem sido uma grande influenciadora e criadora de pensamentos. Não é improvável encontrar jovens que dizem que é uma “construção social”, no entanto fazem como J. e esperam o momento certo. Para Marcela Gomes, 45, mãe de um adolescente de 17 anos, o assunto é quase um tabu: "eu deixei para o pai dele tratar disso. Minha mãe não falou muito comigo, eu tive que me virar sozinha. Infelizmente eu não sei conversar sobre esse assunto. O meu marido teve instrução nessa área, os pais dele eram muitos mais abertos. Eu me sinto envergonhada" contou a dona de casa.
Para a psicóloga Larissa Schmit, "o diálogo entre os pais é fundamental. Se eles não souberem passar segurança para os filhos, o desenvolvimento nessa área vai ser incompleto" explicou.
Pode não haver nenhuma diferença no corpo de uma pessoa antes e depois, mas e depois? É necessário toda essa pressa para uma coisa que não vai vir com qualidade? - e a lógica das bebidas se aplica aqui - quando mais esperado e guardado melhor.
O assunto entrou em pauta no momento que Catarina Miglorini decidiu leiloar sua virgindade na internet.
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