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Ser fã é...


Não é difícil ouvir de artistas internacionais que visitam o nosso país que os fãs brasileiros são os mais calorosos do mundo. Nosso povo sabe demonstrar muito bem quando gosta mesmo de alguma coisa. Religião, futebol, música, o que for. Quando o assunto é ser fã, o Brasil tem o número um na carteirinha.


* Por Carina Lamonatto e Thais Ximenes


… se apaixonar


Bárbara Fernandes, 21, se apaixonou pela série britânica Doctor Who. Mas a paixão não foi à primeira vista. Ela conta que no começo não conseguiu se acostumar com os efeitos especiais grosseiros, que estavam aquém dos que ela costumava assistir nas séries americanas. “Eu não sabia da força que ela tinha no contexto dos seriados como a série de ficção com maior duração no ar até hoje” explica.


Mas quando conheceu o Eleventh Doctor, interpretado pelo ator Matt Smith, Bárbara ganhou forças para voltar a assistir à série que conquistaria seu coração. Ela fez o que, segundo ela, fãs mais fervorosos condenariam: assistiu às temporadas de acordo com sua ordem de preferência. “Perdi muitas referências, mas ganhei o amor pela série que hoje é minha preferida”.


… ir além da história.


“Sabe quando você começa a se perguntar sobre o que o autor imaginou para determinado personagem? Era assim comigo!”. Este foi o sentimento que motivou Bianca Landin, de 34 anos, a escrever fanfictions da novela [mexicana] Rebelde. As histórias que ela imaginou, além de servirem como válvula de escape para o estresse do dia a dia, fizeram a alegria de muitos outros fãs da novela.


As fanfictions – do inglês fan (fã) e fiction (ficção) – são escritas pelos próprios fãs dos livros, séries ou filmes, baseando-se ou não na história apresentada. O portal Fanfiction.net reúne milhares de pessoas de todo o planeta, que escrevem histórias saídas de suas mentes férteis. Para uma noção do tamanho do portal, a saga Harry Potter reúne mais de 600 mil histórias publicadas, o maior número registrado pelo site.


… fazer loucuras.


Quando Bárbara soube que o ator Matt Smith passaria a virada do ano de 2011 para 2012 no Brasil, não pensou duas vezes. “Fui à caça” brinca ela.


Junto com amigos, que também são fãs da série, Bárbara conta que andou mais de dez vezes do Arpoador à Ipanema, embaixo de um temporal, gritando o nome de Matt na esperança de encontra-lo. “Não encontrei o Matt, mas consegui uma bronquite”.


… se identificar com outros fãs.


Bianca escreveu fanfictions durante quatro anos, sempre emendando uma história na outra. “Nunca imaginei que teria a repercussão que teve” conta ela que, quando parou de escrever, tinha uma comunidade no Orkut com 600 membros dedicada apenas às suas histórias.


Segundo Bianca, suas leitoras eram de vários estados do Brasil e tinham idades bem diferentes da dela. Pela própria comunidade foram marcados encontros, que juntaram as fãs tão diferentes, mas com um interesse em comum.


O encontro que mais marcou Bianca, no entanto, foi o mais inesperado. “Estava na fila para comprar o ingresso do show do RBD no Maracanã e fiquei prestando atenção na conversa de uma menina”, confessa. A menina estava falando sobre uma das histórias de Bianca, que se apresentou como a pessoa que a tinha escrito. “Ela não acreditou quando eu comecei a contar o que estava pensando para a história. Depois disso ela começou a comentar sempre.”


 … dividir experiências.


Em novembro deste ano, Doctor Who completou 50 anos de existência. A série, que começou a ser exibida ainda nos anos 60, arrebatou fãs de várias gerações. Para comemorar a data, os produtores atuais da série prepararam um filme que foi exibido simultaneamente na TV e em cinemas espalhados pelos cinco continentes. O Brasil foi um dos países escolhidos e como toda boa fã, Bárbara comprou o ingresso e participou da festa.


“O ato de assistir a série é um tanto solitário. É você e sua TV ou computador. O especial foi uma oportunidade para todo mundo rir, chorar e se emocionar junto. Foi extraordinário participar disso”, afirma.


No caso de Bianca, a novela acabou em 2006 e o grupo em 2009, mas a amizades feitas nessa época e o carinho das fãs, não. “Encontro com algumas pessoas dessa época até hoje. Acabamos ficando amigas!”, afirma. Mesmo depois ter excluído sua conta no Orkut, Bianca diz que ainda recebe mensagem de algumas ex-leitoras. “Elas dizem que sentem falta das minhas histórias. Fiquei feliz com esse tipo de procura, significa que você fez leitoras felizes”, conclui.


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Um comentário:

  1. […] ela seria uma adaptação da que foi utilizada por Carina Lamonatto e Thaís Ximenes na matéria “Ser fã é…”, de dezembro de 2013, aqui no O Casarão: “Não é difícil ouvir de artistas internacionais […]

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