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Esperanças para o fim do mundo


Por Fernanda Costantino



Que se exploda
Em mil e cinquenta e nove pedacinhos.

1ª versão

Hoje acordei com preguiça de me apaixonar. Que preguiça que dá! Sentir frio na barriga toda vez que fala comigo. Um alerta que percorre todo o corpo quando o vejo de longe. E a preocupação. Logo hoje que tô com essa cara amassada. Cara de cotia. E eu sei onde isso tudo termina. Termina com a gente sentado num sofá vendo um filme na televisão no maior tédio que todo o mundo já experimentou. Um aperto no coração. Será esse o fim da paixão ou o começo? Tudo que repete cansa? E todas as outras pessoas do mundo? O mundo cercado de gente bonita. E eu aqui nesse sofá só consigo pensar em uma. Que preguiça! Que preguiça! De morrer a cada não e nascer a cada sim. Achar que devo sentir ciúmes. Achar que presença é inexprimível. Fazer mil contas, teorias e conjecturas. Se disse isso, talvez queira ter dito aquilo e esse aquilo ihhh.. Não me quer mais. Ô cansaço. Acho que não sei me apaixonar direito. Deve ser.

2ª versão

Hoje acordei com preguiça de me decidir. Que preguiça preguicenta! Há três anos me disseram: agora é só você escolher uma carreira que queira seguir a vida inteira. Ô, meu deusinho, me ajuda! Não tem nada nesse mundo que eu queira fazer repetidamente durante toda a minha vida. Nada. Nada que me prenda. Nada que me atraia. E eu acho incrível aquela pessoa que consegue se contentar com as mesmas coisas, nos mesmos horários, durante os mesmos meses e se seguiram os anos. Que preguiça de seguir um caminho para sempre! Que preguiça! Pensei em tantas coisas: serei médica e seguirei salvando vidas pelo mundo; não, serei professora e seguirei ensinando francês para alunos cariocas; mentira, vou ser jornalista e mudar opiniões; mas eu queria tanto estudar artes... Ô cansaço. Acho que não sei querer algo direito. Deve ser.

3ª versão

Hoje ainda não acordei. Que preguiça! Tô de cama. Ô cansaço. Acho que não sei acordar direito. Deve ser.

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