Por Douglas Dayube
A origem do surfe é motivo de dúvida para muitos historiadores até hoje. Praticado pelos povos polinésios, que colonizaram diversas ilhas do Oceano Pacífico, inclusive o Havaí, onde relatos dão conta de que o esporte foi introduzido pelo Rei Tahíto, o ato de surfar já podia ser visto muitos anos antes no litoral do Peru, onde os antigos povos utilizavam uma canoa de junco para enfrentar as ondas do oceano mais temido do universo.
No Brasil, a história desse esporte é muito mais recente. As primeiras pranchas de surfe foram trazidas por funcionários de empresas aéreas no início da década de 1950 e o primeiro grande pico de surf no país foi a cidade de Santos, no litoral de São Paulo. Atualmente, o esporte é praticado em todo litoral brasileiro.
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Com um belo litoral na Zona Sul da cidade, o Rio de Janeiro é um dos principais picos de onda do país e recebe surfistas do mundo inteiro. Desde as maiores estrelas do WCT, como o líder do ranking mundial, o brasileiro de 20 anos, Gabriel Medina, até os que praticam o esporte por hobby, como os estudantes e irmãos cariocas Matheus e Pedro Richard, de 19 e 16 anos respectivamente.
De frente para o mar do Arpoador, no bairro de Ipanema, os irmãos contaram que a paixão pelo surfe nasceu quando eles ainda eram crianças e foi fruto das viagens feitas para a Região dos Lagos do Estado. Segundo Matheus, o primeiro exemplo a ser seguido, foi o pai de uma amiga que sempre levava a prancha para poder surfar nas viagens de férias.
“O pai dela, por acaso, levou a prancha para praia e a gente estava perto. Ficamos bastante encantados, por que nunca tínhamos entrado na água com uma prancha grande, de quilha mesmo. Daí em diante, começamos a pesquisar e ver mais sobre o esporte, para saber como fazer, por que a gente ficou doido com aquilo” - completa Matheus.
Mesmo sem querer seguir a vida de surfista profissionalmente, o irmão mais velho de Pedro, conta nos dedos quais são os seus atletas tidos como referência. Na lista não poderiam faltar Gabriel Medina, o jovem que vem conquistando as principais ondas do mundo e o recordista Kelly Slater, que é dono de onze títulos mundiais. Para ele, o fato de morar em um bairro distante da praia dificulta para que a prática seja mais recorrente e levada de maneira profissional.
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Entretanto, o irmão de 16 anos, pensa diferente. Participante de alguns campeonatos da modalidade, Pedro Richard pensa em seguir a carreira mais a sério e diz sonhar em ser uma das revelações do surfe brasileiro, embora a falta de apoio e patrocínio reduza os horizontes.
“Hoje em dia, eu não tenho tanta esperança, pois tem que se ter uma base muito boa desde pequeno, tem que ter alguém investindo, sempre com você, ali do lado, te levando para campeonatos, e eu não tenho isso. Então, hoje em dia, eu gosto muito de viver o surf como estilo de vida, e também de praticá-lo. É um amor muito grande que eu tenho. Como se fosse uma paixão à primeira vista.”
Entre os pontos negativos da prática do surfe, os irmãos apontam dois fatores principais, o fato de as pessoas, muitas vezes, não respeitarem o ambiente em que vivem, sujando e poluindo a areia e as águas do litoral da cidade, e o localismo. Matheus explica do que se trata: " é como se você brincasse no seu parquinho e não deixasse mais ninguém entrar", ou seja, os surfistas que moram perto dos picos de onda não aceitam que pessoas de fora possam surfar no mesmo lugar.
Pedro ainda completa que o localismo se dá no Arpoador, lugar da entrevista, desde a década de 1970, na época em que o surfe chegou à cidade. Ele explica que se um surfista de outro lugar rabeirar - que é entrar na frente - de um surfista local, é possível que exista um certo conflito. “Vamos supor que se você pegar uma onda e rabeirar um surfista local, isso pode gerar uma confusão muito grande, ainda mais se for um cara conhecido e que esteja em alta” .
O surfe como estilo de vida
Os meninos ainda lembram das pessoas que não praticam o esporte, mas o tem como estilo de vida. Para eles, pelos surfistas respeitarem a natureza, saberem cuidar daquilo que usam e por tentarem levar uma vida equilibrada e tranquila ao lado do esporte, criaram um estilo de vida, adotado mesmo por quem não pratica o esporte, mas quer viver em paz com o mundo. Para Matheus, “é um estilo de vida no qual muitas pessoas deveriam se espelhar.” “E, além disso, o seu bem-estar é praticamente cem por cento. Porque viver o surf, não só como esporte, mas como estilo de vida, faz você ter um astral bem melhor e se todos fizessem isso, o mundo seria bem mais feliz. Teríamos mais amor ao outro.” - acrescenta Pedro.
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O futuro do surfe e o esporte olímpico
Perguntado sobre a questão dos investimentos no surfe, Pedro faz uma avaliação como esportista. Para ele, o surfe no Brasil vem crescendo muito e isso se reflete no aumento na criação de marcas, lojas relacionadas à venda de equipamentos e, até mesmo, publicações a respeito. Além disso, incentiva o surgimento de novos talentos que fazem com que a ascendência do surfe seja constante.
Inclusive, houve a tentativa, com o apoio do Ministro dos Esportes Aldo Rebelo (PCdoB) de fazer com que o esporte faça parte das Olímpíadas de 2016 no Rio de Janeiro como esporte de demonstração, onde não há disputa de medalhas. Para que isso ocorra, seria necessário que o Comitê Olímpico Internacional (COI) aceitasse o pedido e que a Federação Internacional de Surfe se filiasse ao COI.
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