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DJ é profissão, sim senhor!

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Apesar do reconhecimento crescente, DJs ainda buscam melhores condições para o exercício da atividade. Projeto de Lei em curso na Câmara prevê regulamentação da profissão


Por João Pedro Soares, Luis Pedro Rodrigues e Rafael Bolsoni Bastos


“A grande maioria dos DJs brasileiros, hoje, precisa matar um leão por dia para manter-se na profissão”. Quem faz essa afirmação é Antonio Carlos dos Santos, presidente do Sindicato dos DJs e Profissionais de Cabine de Som do Estado de São Paulo (Sindecs).


Responsáveis por animar as pistas com seu conhecimento musical, os Disc Jockeys (DJs) vêm ganhando cada vez mais destaque no Brasil e no mundo nos últimos anos. Muito desse reconhecimento é fruto da popularização da música eletrônica, a chamada Electronic Dance Music (EDM). Só o DJ escocês Calvin Harris faturou, segundo a revista Forbes, R$ 107,5 milhões em 2012. “Acho que a EDM impactou a profissão. Afinal, qualquer pessoa sabe que DJ existe hoje em dia. Antes, não”, afirma André Motta, diretor-proprietário da Academia Internacional de Música Eletrônica (AIMEC) de Campinas, considerada a melhor escola de DJs do Brasil.


Apesar do reconhecimento, o cenário para a maioria dos DJs brasileiros não é motivo de festa. Até metade dos anos noventa, de acordo com Antônio Carlos, conseguia-se viver exclusivamente da profissão de DJ. “Havia um bom número de casas noturnas e nem tantos profissionais assim. O mínimo que se pagava a um DJ por período, ou por noite, girava por volta de um salário mínimo (isso para qualquer profissional). Era muito comum uma casa fazer uma proposta financeira ‘quase irrecusável’ a um DJ que arrastasse multidões com seu trabalho. Hoje é tudo muito diferente”, diz o presidente do Sindecs. “Se se pensar somente em apresentações, a realidade hoje no Brasil é: ou você ganha muito pouco ou fica rico, não tem meio termo na maior parte dos casos”, afirma Motta.


Há, basicamente, três tipos de DJs hoje em dia: o DJ residente, o DJ de eventos e o DJ de clubs, festivais, raves, etc. “Pouco encontrados nos dias de hoje, os residentes trabalham como funcionários, e são praticamente exclusivos da casa noturna. Esses DJs podem abrir para algum artista, fechar, ou tocar a noite toda. Os DJs de eventos geralmente são empresários e tocam em eventos com equipamentos que eles mesmos alugam. Na maioria das vezes, são eventos fechados, particulares ou corporativos. Por último, os DJs de clubs, festivais e raves. Esse é o perfil mais buscado e mais difícil de conseguir sucesso. É a construção de uma marca, uma carreira artística mesmo. Em 90% dos casos são DJs/Produtores e fazem sucesso com música própria. Apesar de o Brasil possuir casos desse tipo, ainda temos pouco reconhecimento mundial”, comenta o diretor da AIMEC-Campinas.


Pensando em melhorar as condições para o exercício da profissão, alguns DJs levantaram a bandeira pela regulamentação e profissionalização da atividade, luta que começou na década de 1980 com a DJ Sandra Gal no Rio de Janeiro. “Recentemente, presenciei um DJ que trabalhou em um evento das 09:00 às 17:30, por R$ 30,00. Era um garoto de uns 19 anos aproximadamente. Essa é uma situação que não se pode manter, precisamos da regulamentação”, lamentou Antônio Carlos.


Em janeiro de 2013, o Ministério do Trabalho reconheceu a profissão DJ. No entanto, os profissionais ainda batalham por outro objetivo: a aprovação do Projeto de Lei 3265/2012, que prevê a regulamentação da atividade. Com a medida, serão impostos critérios, exigências e condições para o exercício da profissão. Cursos profissionalizantes como pré-requisitos para ter o registro de DJ e 30 horas semanais de trabalho são alguns dos pontos abordados no projeto.


“Hoje o DJ é uma realidade profissional. Muitos sustentam família com o que ganham trabalhando. Falamos de um mercado que movimenta milhões de reais por semana em todo o Brasil. Não podemos deixar que a profissão passe em branco na história” adverte o porta-voz do Sindecs. Para André Motta, viver dessa profissão durante anos implica em trabalho constante. “É preciso amar música. Não é tão fácil como pensam, e também não é uma brincadeira”, concluiu. No dia 20 de maio, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados deu parecer positivo sobre o projeto de lei. Ainda não há previsão de quando essa história irá terminar. Enquanto as assinaturas dos poderosos não vêm, os profissionais do som seguem na batalha. Afinal, a música não pode parar.

Um comentário:

  1. […] inclusive, um ponto contrastastante em relação ao crescimento da música eletrônica no Brasil (http://jornalocasarao.com/2014/06/02/dj-e-profissao-sim-senhor-3/). Eles tem se mobilizado por melhores condições e a regulamentação da profissão, por meio do […]

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