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Liberdade e Prazer


















Por Bianca Alcaraz e Luciana Maline


O rosto de menina frágil esconde a mulher independente revelada por Mariana Gelais, 21 anos, em suas próprias palavras. Solteira e muito bem resolvida, ela defende, entre outras coisas, que a mulher tem o direito de ter prazer sozinha. “A mulher tem as mesmas vontades e desejos que o homem. E não é sempre que se tem um parceiro sexual. Logo, a mulher independente aprende a se satisfazer sozinha, em vez de ficar desesperada à procura de um homem que satisfaça suas vontades”, provoca Mariana.












Jovem e independente: assim se apresenta Mariana Gelais. Foto: Arquivo pessoal

1-Como você encara sua relação com os homens atualmente? O que eles representam na sua vida?


Acho que a figura de um homem na vida da mulher é importante, porém, ele não pode ser um determinante da felicidade feminina. O que eu vejo em muitas mulheres é que elas só estão felizes se estiverem em um relacionamento, por isso, para estarem bem e felizes, dependem de um namorado. Portanto, a minha relação com os homens não é de dependência, mas é algo que vem para somar na minha vida, acrescentar, e não um fator determinante da minha felicidade, pois eu me sinto muito feliz e realizada solteira. Quanto ao sexo, que é um fator diretamente ligado a essa dependência masculina, eu vejo como troca de favores, e, mesmo não estando em um relacionamento, não me sinto usada. Acredito que ambos se favorecem na relação sexual sem compromisso. Claro que pode haver a troca de carinho e amor, mas não acho que isso seja fundamental para chegar ao ato sexual. Penso que para isso, basta eu querer e me sentir à vontade. Mas além dessa questão, acredito também que os homens podem representar companheirismo, amizade e parceria.


2-O que você acha que contribui para que as mulheres tenham se tornado mais independentes dos antigos padrões impostos pela sociedade, principalmente com relação a casamento, filhos, etc?


Eu acho que a mulher descobriu o seu potencial, que não se limita a um fogão e trocar fraldas. E o fato dela ter descoberto que pode ir além, e estar cansada der ser apenas uma dona de casa, incitou um sentimento de liberdade, que contribuiu para que superasse a submissão masculina e se inserisse no mercado de trabalho. Quanto ao casamento e filhos, o que demanda tempo e dedicação, continuou sendo uma obrigação na maiorias das vezes delegada às mulheres. Entretanto, hoje em dia, esse cenário está sendo modificado e elas compartilham com os homens as tarefas domesticas e as responsabilidades com os filhos. O homem passou a lavar a louça, trocar fralda, limpar a casa, cozinhar, etc., dividindo assim as responsabilidades e permitindo à mulher se dedicar também ao seu trabalho. Hoje entende-se que responsabilidades domésticas e obrigações com os filhos são uma demanda do “ser adulto”, e não da mulher, porque ser adulto implica em deveres e responsabilidades com a sociedade e com a família.


3-Com relação ao modo de se vestir, recentemente, tivemos algumas pessoas alegando que a culpa de serem estupradas era das próprias mulheres pelo fato delas usarem roupas curtas. O que você pensa sobre isso?


Justificar o estupro pelo modo de como a mulher se veste é uma visão completamente machista, incompatível com os direitos humanos e com o respeito ao próximo. Isso é uma forma de jogar a culpa a mulher e livrar o homem da sua responsabilidade de pagar pelo crime cometido, o que coloca a mulher como a vilã da história e o homem como o coitado que não conseguiu resistir às suas vontades carnais, porque a mulher o provocou.


4-Qual o seu posicionamento diante da conquista? Você acredita que o homem deve tomar a iniciativa ou a mulher também tem esse direito?


Eu acho que a mulher também tem o direito de tomar iniciativa, essa não é uma responsabilidade só do homem. E não acho que ela deve ser vista como piranha por tomar essa atitude. Agora, depende também do contexto e da forma que é feito essa iniciativa. Se o cara está acompanhado, ela realmente está agindo como piranha. E a forma como se aborda: “Gostei de você, hein, vamos conversar?” é diferente de “Gostei de você, vamos lá em casa pra gente conversar?”. Mas não critico nenhuma das duas formas de atitude, apenas acho que a mulher deve saber sustentar esse rótulo de piranha, que socialmente é colocado, mas se ela não se importa, ótimo!


5-Por fim, comente um pouco sobre quais atitudes você acha que tornam uma mulher mais independente:


 Eu considero o trabalho a atitude determinante para tornar a mulher independente. Ter o seu próprio dinheiro e não depender do homem pra comprar um absorvente, sapatos, roupas, bolsas, etc., é libertador. Muitas mulheres que são agredidas, ou suportam muitas atitudes machistas, sustentam essa situação porque não trabalham e dependem dele para suprir suas necessidades básicas. E uma mulher independente, quer ser respeitada e amada, ela quer um homem que seja companheiro e que some na sua vida, logo, se ele não for assim, ou se a relação não está agradando, ela sai fora, sem pestanejar. Outra atitude que eu considero que torna a mulher mais independente é a prática da masturbação. O que é algo mal visto na sociedade, que associa a mulher ao rótulo de puta. Mas se o homem tem suas vontades e faz, por que a mulher não pode fazer também? A mulher tem as mesmas vontades e desejos que o homem. E não é sempre que se tem um parceiro sexual, logo, a mulher independente, aprende a se satisfazer sozinha, em vez de ficar desesperada à procura de um homem que satisfaça suas vontades. Lógico que não substitui a relação sexual, mas se satisfazer sozinha, sem precisar do homem, é uma forma de independência feminina.

Saiba mais sobre mulheres que não têm medo de soltar sua voz aqui.










 

 


 

 







 

 


       

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