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Saúde e Educação

Por Alexandre Strachan e Rebeca Letieri


A terapeuta ocupacional, Celia Sequeiros, trabalhou 23 anos na área de psiquiatria. E trouxe um pouco da sua experiência para a disciplina que ministra na UFF e o projeto "Boa Noite, Bom Dia" como um todo. Celia questionou, principalmente, a ação mecânica com que os médicos e terapeutas praticam sua função atualmente. E ressaltou a importância de se manter uma relação de proximidade e sensibilidade entre médico e paciente.


"A saúde-mental é uma área muito subjetiva, porque é preciso trabalhar na relação com as pessoas. Se você não mantém uma relação, você não consegue criar um vínculo. É diferente das outras clínicas que, além de estabelecer essa relação, que é necessária e está em falta, possui algumas tecnologias que a saúde-mental não tem", ressaltou. "A doença mental não é detectada por um exame, os laboratórios cansam de lançar pesquisa, gastam tubos de dinheiro, mas não há nada comprovado. O tratamento acontece na relação."


Para Celia, o projeto consegue trazer um outro olhar da medicina para esses meninos que estão ingressando no curso. "Eles estão cheios de sonhos e ideais, querem cuidar, ajudar o outro, e etc., mas a faculdade tem uma rotina muito dura, são matérias que te massacram, e só vão estabelecer um contato com o paciente lá pro 5° período. Eles chegam assustadíssimos, primeiro pela quantidade de informação, segundo porque só se fala de doença e de morte, não se fala sobre saúde. Tem tanta vida na loucura, na doença tem tanta saúde que você pode recuperar..."




[caption id="attachment_5331" align="aligncenter" width="470"]Celia Sequeiros Celia Sequeiros[/caption]

A grade da UFF, diferente da maioria das universidades públicas e federais, do país, enfatiza o aspecto social. Para a terapeuta, existe uma deficiência e uma necessidade de dar mais enfoque ao caráter humano da medicina. "Existe aquela imagem de que o louco é aquela pessoa que fica batendo a cabeça na parede. O médico tem medo, as pessoas têm medo. Muitos morreram porque batiam no hospital, e o médico não sabia lidar, mandava para um hospital psiquiátrico. Só que ele não estava precisando de um psiquiatra, e sim de um médico".


No âmbito da pesquisa, Celia fez uma dissertação de mestrado sobre o projeto, que foi primordial para a obtenção de um feedback das ações do grupo. Para a terapeuta e professora, a relação aluno e paciente fez com que, mais tarde, fosse notada uma grande diferença na relação "médico-profissional" e "sujeito-paciente". "Um dos ex-alunos que entrevistamos para a pesquisa fez teatro antes de entrar no curso. Ele tinha todo um jogo de corpo, se vestia como palhaço, que chamava de Pepeu, e conta que desenvolveu o personagem porque pensava muito no irmão mais novo, que faleceu por câncer". Hassan Rahhal entrou para medicina na UFF e viu no Projeto “Boa Noite, Bom Dia”, uma forma de conciliar a sua vontade de fazer algo mais artístico e ao mesmo tempo ajudar ao próximo. O aluno-residente nos contou como foi fazer parte do BNBD de 2009 a 2013 e qual o retorno proporcionado pelo projeto.


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Saiba mais sobre o projeto:




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