Por Leonardo Telles, Bernardo Oliveira e Frederico Canequela
A sala C-100 do Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) ganhou um novo nome. Um nome de mil versos e histórias. Moacy Cirne. Ganhou também a placa acima, na qual se lê: “Um professor porreta que fez da vida uma poesia concreta". Moacy é um dos fundadores da poesia concreta brasileira e lecionou no instituto por quase 30 anos, onde perpetuou memória e onde também editava e distribuía um famoso fanzine independente de página única, o Balaio Incomum. Ele morreu de câncer no fígado no dia 11 de janeiro deste ano.
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Além do nome dado à sala do IACS, um sarau foi organizado pelos professores João Baptista de Abreu e Márcio Castilho. Dele participaram alunos, professores do IACS, ex-alunos e familiares do professor. “Foi uma homenagem super bonita. A gente conversou, brincou, chorou, bebeu cachaça. E a gente lembrou de uma figura. Uma figura excepcional.”, contou Ana Lea Rego, viúva de Moacy. “Ele foi um professor que honrou a casa, honrou a passagem dele por aqui e modificou o modo de entender a vida de várias pessoas. Quem conviveu com Moacy sabe que o mundo tem várias formas de pensar, várias estéticas.”
Fátima Arruda, ex-esposa de Moacy, falou sobre a relação do professor com a poesia. “Moacy era irreverente, louco e, ao mesmo tempo, uma pessoa completamente séria. Era um acervo literário em movimento constante. O poema processo foi a grande batalha dele dentro da poesia. Acho que essa era a maior identidade que temos de Moacy Cirne. Ele era um eterno poema que permitia interferências, reintroduções, modificações, porque a vida pra ele era isso - muito afeto, muita poesia, muito movimento, muita ebulição.”

“A inspiração [para o evento] partiu do fanzini, um boletim informal que ele produziu por quase quinze anos aqui no IACS. Esse conceito de multimídia que você tem hoje, o Moacy já simbolizava 20 anos antes. Ele era poeta, escultor, editor, crítico de cinema, ativista político, brincava de ator de vez em quando... era um ativista cultural.” comentou o professor do IACS João Baptista de Abreu.
O potiguar era também um grande defensor da cultura nordestina e expressava isso em sua obra. Nas palavras de João Baptista, “[Moacy] era uma espécie de assessor de imprensa do Nordeste; era um grande divulgador das coisas do Nordeste”. [Esta homenagem] é um reconhecimento de que o que o professor conseguiu plantar a gente continua colhendo. A vida dele não termina com a morte, ele se eterniza pela sua história, nos mais de 30 anos que teve aqui no IACS.”
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