Por Patrick Rosa e André Heimlich
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A velocidade na apuração e a redução do número de profissionais nas redações foram os principais temas abordados na mesa de abertura do Controversas , evento organizado por professores e alunos da Universidade Federal Fluminense (UFF) e que conta com a participação de profissionais renomados no jornalismo. Com mediação da professora Sylvia Moretzsohn, os convidados Sérgio Maggi, Rafaella Barros, Lucas Calil e Vinícius Lisboa discutiram a nova dinâmica de trabalho que as ferramentas digitais proporcionaram ao jornalismo na mesa “Efeitos da integração impresso-online na formação do jornalista”.
Todos os convidados abordaram a velocidade na produção das matérias e a diminuição do número de profissionais nas redações como uma característica marcante do jornalismo atual. A repórter do Extra, Rafaella Barros, disse que a velocidade é o principal inimigo para a qualidade da informação e apontou o crescimento da importância do online na dinâmica das redações: “Nós damos mais atenção ao online. Isso exige mais do repórter, que tem que produzir vídeos, áudios, fotos, etc. No entanto, é importante não correr tanto, para fazer um bom jornalismo”, afirmou.
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O editor de mídias sociais de O Globo, Sérgio Maggi, fez uma retrospectiva das mudanças que as novas tecnologias provocaram nas redações. Sérgio, que ingressou no Globo em 1997, lembrou que, quando começou no jornal, a versão online possuía uma redação própria e separada do impresso e que o periódico demorou a voltar suas atenções para a versão eletrônica:
“No início, havia um ser certo preconceito com quem fazia online. Tanto que quando surgia oportunidade no impresso as pessoas mudavam. Até o salário era menor”. No entanto, o jornal vem focando cada vez mais os seus esforços para as plataformas digitais, com uma nova dinâmica na produção da notícia e um novo horário na redação, além de estar cada vez mais presente nas redes sociais. “O Globo está tentando se atualizar e buscando um novo caminho”, afirmou.
Doutorando em Semiótica pela UFF e com passagens pelos jornais Extra e O Globo, Lucas Calil também criticou a velocidade e quantidade de trabalho que as redações exigem do jornalista. Mas diferente do que se pode imaginar, o "fetiche da velocidade" não acabou com o espaço da grande reportagem, que exige uma apuração mais aprofundada e um texto diferenciado da hard news. Calil lembra a reportagem que lhe rendeu o Prêmio Petrobrás de Jornalismo -“Re-Legado do Pan” - produzida ao longo de dois meses. “A grande reportagem ainda dá audiência. O problema é que tem pouco repórter e o tempo é exíguo”, afirmou Lucas.
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Já Vinícius Lisboa, repórter da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), também com passagens por Globo e Extra, diz que o jornalista deve procurar se adequar rapidamente às mudanças tecnológicas. Porém, o mais importante é dominar os conceitos principais do jornalismo, como o reconhecimento de boas pautas e a distinção clara do que é notícia: “O fundamental para o jornalista é o domínio do que é básico na profissão, pois as ferramentas eletrônicas mudam muito conforme o veículo”.
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