Times de futebol de 7 se reúnem para disputar campeonato de peladas em Niterói
Por Nathália Vincentis, Sabrina Nunes e Thaís Cerqueira
Domingo. Um time de cada lado do campo esperando o apito inicial. A partida começa e as equipes travam um duelo para ver quem vai sair vitorioso. Técnicos e jogadores reservas aos gritos. “Toca a bola!” “Chuta pro gol!” “Marca na esquerda!” “Foi falta, seu juiz!” Gol. Nas arquibancadas, uma pequena torcida comemora. Típico cenário de um jogo profissional de futebol.
Mas não é.
A partida é valida pela 6ª rodada do Campeonato União A, uma das principais competições de peladas de Niterói, que acontece no campo de futebol society do Instituto Abel, em Icaraí. No município, o futebol amador é levado a sério. É nele que se encontra o Grupo Amistosos Niterói, criado em 2012, que, segundo um de seus administradores, Matheus Jaccoud, é a maior liga de futebol society do Brasil. Ele explica que o Grupo começou a partir de “um vazio” que se instaurou na cidade, uma vez que a plataforma usada para marcar os jogos desde 2004, o Orkut, foi deixada de lado pelos jovens.
“Com a transição do Orkut para o Facebook, criou-se um vazio na cidade e as dificuldades de agendar um amistoso só aumentaram. Vendo essas dificuldades, Hugo Chalita (fundador do Grupo) criou um grupo no Facebook chamado Amistosos Niterói, com o objetivo de facilitar a marcação de amistosos. Ele nem imaginava que esse grupo iria se tornar hoje, em números, a maior liga de futebol society do país. Atualmente o Grupo conta com 3.300 membros, 213 equipes e agenda mais de 50 jogos por final de semana nos principais campos society da cidade”.
De acordo com Matheus, desde sua criação o Grupo organizou mais de 30 competições, sendo o Campeonato União o carro chefe da liga.
“O Campeonato União é o principal campeonato que nós organizamos e está dividido em três divisões. A primeira é disputada no Instituto Abel, conta com filmagem e fotografia, e as demais divisões variam de acordo com a oferta de horários que nós temos em outros campos. Nossa temporada é semestral e não anual, com o objetivo de fazer com que uma equipe tenha o acesso imediato e não tenha que esperar dois anos para chegar na primeira divisão.”
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Os campeonatos de futebol amador são tão famosos e disputados em Niterói que os times possuem nomes e escudos personalizados. Os nomes variam de homenagens a bairros, times de futebol profissional e até a prédios onde seus jogadores moram, como é o caso do Costa du Parc.
“Eu e um amigo queríamos marcar um jogo. Ele chamou uns amigos do prédio dele e eu chamei uns do meu. A gente jogou e ganhou, aí resolvemos montar um time. Nós precisávamos de um nome e, como o prédio dele é Costa do Sol e do meu é Village du Parc, pegamos o início de um com o final do outro e formamos o Costa du Parc. A galera gostou e ficou. É um nome original”, contou Lucas Galvão, zagueiro do time.
Seguindo a linha dos nomes diferentes, o Pato Branco F.C. começou a fazer parte da liga apenas em 2013. O time de futebol de 7 foi criado no final de 2008, mas antes disso seus integrantes já jogavam juntos no futebol de campo. O zagueiro e capitão da equipe, Hugo Oliveira, conta um pouco das atividades do time desde sua criação.
“Criamos o time no final de 2008 e tínhamos entre 12 e 14 anos. Jogamos muitos amistosos de 2008 a 2010, mas depois diminuímos bastante a carga de jogos até 2013 quando nos afiliamos ao Grupo Amistosos Niterói e voltamos a jogar praticamente toda semana”.
Vale ressaltar que nenhum dos jogadores vem do município paranaense de Pato Branco. O nome do time foi inspirado na personagem de uma série de TV. “Acredito que nos inspiramos na personagem Bozena de Toma lá da cá, que vivia repetindo o bordão "Lá em Pato Branco...", declarou Hugo.
Pa(i)trocínio
Com o crescimento do Grupo, o número de competições que são jogadas pelos times aumentou, criando uma necessidade de patrocínio. Isso porque existem despesas como aluguel de campo, remuneração do juiz e dos administradores do Grupo Amistosos Niterói que podem variar de R$ 100 a R$ 145 por partida.
Lucas explica que, devido à dificuldade para se encontrar um apoiador, o que acontece é o chamado “paitrocínio”.
“Geralmente acontece o que chamamos de “paitrocínio”. É o pai de um jogador que ajuda a pagar o uniforme. A mãe de outro que ajuda também. Recentemente, nós conseguimos um patrocínio mensal, R$ 4.500 por três meses. Para ajudar a pagar o novo uniforme que estamos fazendo e as taxas do campeonato. Mas isso é bem difícil de acontecer”.
A dificuldade de conseguir patrocínio não se restringe apenas aos times. Apesar de ser a maior liga de futebol society da cidade, o Grupo Amistosos Niterói possui apenas um patrocinador. “Só temos um parceiro, uma empresa de material esportivo recém-criada. Estamos à procura de patrocinadores para nossas atividades”, afirma Matheus.
Rivalidade e amizade
Em uma competição que conta com 13 times, como o Campeonato União A, rivalidade não falta. Mas amizade também não. Lucas conta como acontece essa relação.
“Cada time tem suas rivalidades e amizades, o dono do Bohêmios, por exemplo, é amigo nosso, a gente sempre brinca. O cara que fez gol na gente hoje jogava no nosso time anteriormente e o que fez gol neles, jogava no time deles – a partida em questão terminou em 1x1. Rivalidade séria só contra o Ursos, aí tem briga mesmo”, revela.
Já o zagueiro do Pato Branco, Hugo Oliveira, diz que não tem rivais na competição. “Não temos nenhum time rival, mas criamos novas amizades com jogadores e representantes de outros times”.
Para quem deseja cadastrar sua equipe, basta entrar no grupo no Facebook Amistosos Niterói e informar os dados que são pedidos na hora de preencher o formulário. É cobrada uma taxa anual de R$ 50. Segundo Matheus Jaccoud, todas as equipes podem participar, independentemente de sua qualidade técnica. “Todos podem participar de nossos torneios. Equipes boas e ruins, no Amistosos Niterói tem espaço para todos”
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