Após ser dominado pelo público masculino durante anos, o rap finalmente abre as portas para as mulheres
Por Gabriel Rolim e Lucas Alves
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Trecho de “Anaconda”. Videoclipe criou polêmica pela internet |
No entanto, o movimento como um todo ainda é predominantemente masculino e, muitas vezes, machista. As mulheres ainda se apresentam em menos eventos e recebem cachês menores que os homens. A rapper mineira Bárbara Sweet, 28, traz o feminismo como bandeira em suas batalhas e busca incentivar outras mulheres a enfrentar o machismo, tanto no rap, como fora dele. “Acho que o rap é a expressão da visão, do ponto de vista, a síntese poética de quem o faz. Pra mim, a relação entre rap é feminismo existe porque eu amo rap e acredito no feminismo. E vi que ao unir ambos eu não só fortalecia a mim mesma antes de batalhar, como também outras mulheres que buscam representatividade, empoderamento e um novo discurso”, destaca Bárbara.
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Bárbara Sweet no duelo: "Batalhar com mulher é bem mais difícil" |
Apesar do ambiente ainda machista, o público do rap tem, cada vez mais, recebido um maior número de mulheres nos eventos. A estudante de moda Adriana Fernandes, 20, frequenta shows e festas de rap e tem percebido uma maior participação feminina. Ela também ressalta a importância do sucesso que rappers femininas têm obtido. “Acho importante, porque incentiva outras mulheres, que na maioria das vezes, não tentam ou não fazem, por serem minoria e terem medo de sofrer preconceito”, comenta Adriana. Outra frequentadora é a estudante de fonoaudiologia Raphaela Farias, 19, que concorda com o incentivo proporcionado pelo destaque de mulheres como Karol Conka e Flora Matos. “Eu adoro o trabalho das duas e acho ambas autênticas. Elas passam muito isso, o estilo próprio, a autenticidade. E muitas mulheres pegam as duas como exemplo mesmo. Muita mulher querendo ser Flora e Karol. Tenta ser igual, agir igual, se vestir da mesma forma”, opina Raphaela.
Mesmo que a participação feminina tenha crescido muito nos últimos anos, a MC carioca Aika Cortez, 19, acredita que as mulheres ainda não ocupam um lugar de destaque. “A verdade é que na maioria das vezes, quando tem uma mulher, ela é a última a cantar, fica o evento todo esperando e vai cantar tarde, quando a maior parte do publico já foi embora”, completa. Aika acredita que a autoconfiança é primordial, mas destaca que essa postura nada tem a ver com arrogância. “É você ter atitude pra enfrentar qualquer constrangimento, não ter medo de brigar e denunciar o que estiver errado, seja rimando com bom humor ou gritando ferozmente”, diz a carioca que quer ver meninas cada vez mais novas sendo imponentes e independentes pra não sofrerem nenhum tipo de abuso.
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Atitude. Aika não tem medo de denunciar o preconceito em suas letras |
Em relação às rappers nacionais e internacionais que estão em voga, Aika não se sente totalmente representada. “Me sinto representada pelo som de algumas, principalmente as que trazem um empoderamento sexual como no Funk, mas acho que falta muito protesto. No rap em geral está faltando”. Ela afirma que muitos assuntos são tratados de forma rasa, superficial e sutil, quando deveriam ser abordados de forma mais agressiva. “Minha música fala de mulher que aborta, de mulher que apanha, das que acordam às 5h da manha pra ir trabalhar, das crianças que são marginalizadas e vivem nas ruas, das meninas que engravidam aos 16, das que são ou já foram estupradas, das que falam de política sem falsas informações impulsivas... Sinto falta disso nos sons”, finaliza a MC que se mostra esperançosa com a nova geração, para ela, a população está ficando cada vez mais politizada e, por isso, tudo pode acontecer.
Juntas elas são mais fortes - A Liga Feminina de MC´s
A ascensão de mulheres no rap é constante, entretanto o número de MC’s ainda não é satisfatório para muitas. A partir da vontade de fazer com que a participação feminina cresça ainda mais, a rapper Taz Mureb teve a ideia de criar a Liga Feminina de MC’s, surgida em 2014 no Rio de Janeiro. A Liga Feminina é uma competição de freestyle que reúne mulheres de 8 estados diferentes e divulga o trabalho das rappers, incentivando novas meninas a se integrarem na cena. Já existe uma Liga que é unissex, entretanto a maioria é masculina, o que ocasiona na falta de espaço para as mulheres.
A primeira fase da Liga consiste em eliminatórias estaduais, das quais saem uma vencedora de cada estado. As 8 campeãs estaduais disputam a grande final, realizada em Belo Horizonte. O objetivo do evento é fomentar, apoiar e conectar as mulheres que tanto lutam para permanecer nesse espaço que ainda é tão misógino. ”Fazendo uma competição entre nós, nos preparamos e incentivamos as minas a entrar em todas batalhas. Porque batalhar com mulher é bem mais difícil! (risos)”, comenta Bárbara Sweet.
A ascensão de mulheres no rap é constante, entretanto o número de MC’s ainda não é satisfatório para muitas. A partir da vontade de fazer com que a participação feminina cresça ainda mais, a rapper Taz Mureb teve a ideia de criar a Liga Feminina de MC’s, surgida em 2014 no Rio de Janeiro. A Liga Feminina é uma competição de freestyle que reúne mulheres de 8 estados diferentes e divulga o trabalho das rappers, incentivando novas meninas a se integrarem na cena. Já existe uma Liga que é unissex, entretanto a maioria é masculina, o que ocasiona na falta de espaço para as mulheres.
A primeira fase da Liga consiste em eliminatórias estaduais, das quais saem uma vencedora de cada estado. As 8 campeãs estaduais disputam a grande final, realizada em Belo Horizonte. O objetivo do evento é fomentar, apoiar e conectar as mulheres que tanto lutam para permanecer nesse espaço que ainda é tão misógino. ”Fazendo uma competição entre nós, nos preparamos e incentivamos as minas a entrar em todas batalhas. Porque batalhar com mulher é bem mais difícil! (risos)”, comenta Bárbara Sweet.
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Liga Feminina de MC's. Coletivo incentiva novas rappers a integrarem a cena |
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