Texto por Diannie Lopes
Fotos por Deborah Nunez e Diannie Lopes
Estar parado em frente a um precipício, ali na frente é carnaval... Você pula?
Foi assim que amanheci no sábado de carnaval, em pleno espirito eufórico que tomava toda a cidade e alegrava quem ama essa festa maravilhosa. Mergulhar em um mundo em que tudo pode ser abstraído, em que os ritmos e os batuques dominam as ruas, em que as cores e os brilhos são absolutamente normais foi o meu desafio desse ano.
São tantas as fantasias, tantos os sons e tanta gente que dá até um frio na barriga. Foi assim que me senti, esse misto de alegria e surpresa quando em pleno sábado de carnaval me vi perdida dentro de um bloco.
O cenário da minha aventura não podia ser melhor, o bloco foi o 'Afoxé Filhos de Gandhi', fundado como um dos primeiros blocos afro-brasileiros a desfilar pelas ruas do Rio, em 1951. O bloco toca um cortejo carnavalesco que pode ser chamado de candomblé de rua e tem suas raízes fundadas na cultura do povo Iorubá, os músicos e as musas fantasiados com roupas brancas e azuis, que lembravam as roupas do terreiros de candomblé e o som indescritível que fazia meu corpo todo estremecer junto com os batuques. O coração palpitando, mulheres dançando e eu sendo levada junto com aquele desfile em direção ao por do sol.
Viver o espirito do carnaval é ter a certeza de que ali não é pra se estressar, se você se perdeu, aproveita ainda mais para ser livre! Afinal, no carnaval pode! Fotografei, cantei e dancei, vi a massa disforme, porém ordenada, e seguindo o ritmo percorrer algumas ruas e crescer em número e em alegria.
Sábado eu já tinha certeza, esse foi o melhor bloco que eu podia ter ido, sentir aquela musica era inexplicável e claro com umas voltas e outras eu ainda consegui encontrar meus amigos e voltar para Niterói.

Nesse meio tempo vi as mais variadas fantasias, tinha capa do disco do Caetano, miss Colômbia, Palmirinha com receitas divertidíssimas, Chaves e Chiquinha, o famoso Dolllynho, pássaros e borboletas, entre outros. Criatividade não faltou nem pros cariocas nem pro turistas, estava lindo de ver a quantidade de gente que inovou ou reinventou fantasia!
Sair com um grupo grande é divertido, mas sempre tem que ceder para chegar a um consenso. O nosso caso foi ir atrás do Cordão do Boi Tolo. Esse bloco tem uma historia engraçada: foi formado por foliões que foram preparados para o cordão do boitatá em 2006 e não encontrando o bloco originário fizeram folia literalmente criando outro bloco!
Então estávamos atrás desse divertido bloco, caminhando pelas ruas do centro do Rio, e fomos seguindo as pistas de por onde ele estaria. Chegamos, por fim, na Avenida República do Chile e paramos no meio das duas vias para descansar e decidir. Foi nesse momento que majestosamente a uns metros de n vimos os foliões e o bloco todo se aproximando, nosso local não era nada estratégico e rápido percebi que sair dali seria se perder do grupo de novo, então nos abraçamos e deixamos o bloco passar. Esse momento eu não consigo explicar, em meio a empurrões e gritos me desprendi de um dos meus amigos para tentar fotografar, e ai eu me vi mergulhada no mar de carnaval, as pessoas passando com a força de uma corrente, como ondas e como o mar inconstantes, fantasias suor e a musica, empurrar aqui e olhar ali, beber uma cerveja e participar disso que é pular carnaval.
A missão já estava cumprida, apenas nesses dois dias que eu realmente me atirei no carnaval. O Toca Raul é demais. Entre baixo, guitarra, sopros e percussões em ritmos de samba, frevo, marchinhas e maracatu, o bloco eterniza as musicas do rei do rock nacional!
Na terça-feira, escolhi o bloco que homenageou o querido Cazuza, o Exagerado, e para fechar o carnaval na quarta feira de cinzas rolou a Trap In que é uma festa alternativa que como outras está tomando as ruas do centro do rio com música. Aquela claro foi uma edição temática, e ainda tinha muita gente fantasiada aproveitando os últimos suspiros de carnaval.
Se tudo der certo tem carnaval o ano todo! Sempre acontece uma oficina no circo voador de pernas de pau e mesmo da banda.Quem sabe ano que vem meu desafio não seja pular carnaval... de perna de pau!
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