Como acontecem os abusos contra cosplayers em eventos cada vez mais famosos
Por Felipe Gelani, Jéssica Rocha e Luana Santiago
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Hoje, o valor econômico atrelado a essas obras é refletido até na pele, roupas e expressão cultural de alguns jovens: os cosplayers. A atividade propõe assumir a aparência, trejeitos, e até a personalidade de personagens de desenhos, jogos e quadrinhos, tanto em eventos quanto nas redes sociais. A prática reflete a busca da própria identidade de muitos adolescentes. Ao encarnar as características de heróis e vilões da ficção, as pessoas se sentem parte de um grupo, de algo maior e mais significativo do que o dia a dia mundano, e a autoestima deles é afetada positivamente. Por isso é tão prejudicial quando esses mesmos adolescentes sofrem algum tipo de assédio enquanto fazem cosplay, justamente quando se sentem mais empoderados e importantes.
Edição de 2015 da Comic Con Experience, em São Paulo |
No final de 2015, foi realizada no Brasil a segunda edição da Comic Con Experience (CCXP). Inspirado na tradicional convenção americana homônima, que ocorre anualmente em várias cidades nos EUA, o evento de cultura pop superou todas as expectativas de público, recebendo cerca de 120 mil visitantes. O programa de TV “Pânico na Band” esteve presente, televisionando uma cena de assédio protagonizada por um dos repórteres da atração.
O fato demonstra irresponsabilidade da emissora, ao reafirmar a cultura do estupro dentro de um canal proprietário de concessão pública, além de inibir e afetar a liberdade de expressão dos participantes da convenção. A vítima, a capixaba Marina Eis (conhecida entre os cosplayers como Myo Tsubasa) decidiu não tomar nenhuma atitude legal, mas denunciou o assédio aos organizadores do evento. A organização da CCXP emitiu uma nota de repúdio dias depois, banindo o Pânico de futuras edições da convenção.
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A produção do programa debochou do acontecimento: uma panicat se vestiu com a mesma fantasia da menina
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Ana faz cosplay desde 2010 |
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Pandora tem 18 anos e faz cosplay desde os 12 |
Não só homens praticam assédio. Diversas cosplayers relatam que meninas também abusam do momento de aproximação para as investidas. N.K. (que preferiu não se identificar) foi agarrada por uma jovem em um evento realizado no Rio de Janeiro. “Ela passou a mão em mim e não queria me largar, eu não sabia o que fazer no momento, só pude ficar parada no lugar”. Outras reclamam das cantadas e desrespeito vindo de mulheres, como Pandora Carvalho. “Eu estava com cosplay de Ren de Uta-Pri, uma mulher apareceu e se jogou no meu colo, começou a querer abrir o blazer do meu cosplay e eu segurei, mandei ela sair.”
Muitas vezes a roupa não importa. Giovana Tobayashi, de São Paulo, ressalta que prefere as roupas mais cobertas e nem por isso é menos desrespeitada nos eventos. Em animes e HQs em geral, as personagens usam roupas decotadas e curtas, sexualizando-as. Hoje, Ana Cristina vem optando por fazer cosplays masculinos para se proteger.
Segundo Ana, o apoio da família é o mais importante nessas horas. “Meus pais sempre me ajudam a montar as roupas. Eles gostam muito do hobby por que eu era uma criança tímida e isolada. O cosplay realmente me ajudou”, ela também não desanima com essas atitudes “Única coisa que me desmotiva é minha tinta não secar a tempo, meu cosplay quebrar no evento, mupy (suco de soja em saquinho, marca registrada dos eventos de anime) a R$ 4,50 e meia-entrada a R$ 60,” conclui.
Segundo Ana, o apoio da família é o mais importante nessas horas. “Meus pais sempre me ajudam a montar as roupas. Eles gostam muito do hobby por que eu era uma criança tímida e isolada. O cosplay realmente me ajudou”, ela também não desanima com essas atitudes “Única coisa que me desmotiva é minha tinta não secar a tempo, meu cosplay quebrar no evento, mupy (suco de soja em saquinho, marca registrada dos eventos de anime) a R$ 4,50 e meia-entrada a R$ 60,” conclui.
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