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Você sabe dizer o que é assédio sexual?

Por Matheus Sousa, Natan Duarte e Tatiana Cohen
Fonte: Arte UOL

Diante dos acontecimentos recentes sobre este tema polêmico, que tem gerado muitas discussões na sociedade, como também, notícias pela mídia, você sabe dizer o que significa assédio sexual? Este termo tem sentido subjetivo, sendo difícil de definir. Entretanto, sabe-se que ele ocorre todos os dias, nos mais diversos lugares e contextos. Seja no trabalho, no transporte público, na faculdade ou em qualquer situação, as mulheres estão sempre sujeitas a sofrerem constrangimentos diante de determinadas atitudes masculinas.

Todavia, nem todos concordam em relação ao que pode ou não ser considerado abuso. Assobios, gritos, olhares e mesmo "esfregões" acontecem o tempo todo. Mulheres são frequentemente constrangidas e nem sempre sentem-se à vontade para denunciar.

Fonte: Site Think Olga
A Lei 10.224, de 15 de maio de 2001, afirma que assédio sexual consiste em "constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função". Ou seja, o homem, muitas vezes por ter suas atitudes legitimadas, pratica o assédio sem se importar com as consequências. A mesma lei prevê como pena a prisão, de 1 a 2 anos.

A professora Tássia Gimenes relata uma situação em que foi assediada. “Um idoso parado no ponto soltou um ‘gostosa’ quando passei. Eu costumo responder a menos que seja uma situação de muito risco, nem mesmo me virei, só mostrei o dedo. Daí a coisa piorou, os outros homens que estavam no ponto começaram a me xingar ao berros, claro que só xingamentos machistas. Não sei se ouviram o que o velho falou ou não. De qualquer forma foi nojenta a humilhação pública quando só voltava do mercado”.

Ativista feminista, Tássia trabalhou com o discurso amoroso do samba na sua monografia de conclusão de curso. O objetivo dela era saber quais eram as formações imaginárias de mulher, considerando a imagem que o respectivo par amoroso (relacionamento hetero) fazia dela. Com a análise, ela percebeu que os dizeres que aparecem ali não eram muito diferentes dos que se veem diariamente no mundo. “Eu percebi que mulheres são sempre santas ou putas, ambos os discursos extremamente ligados à formação discursiva machista que relaciona mulheres aos afazeres do lar, à fraqueza, a sexo, entre outras coisas do senso comum”, conta Tássia, que diz que já se sentiu mal várias vezes com ‘olhares estupradores’, como ela chama estes gestos que nem precisam ter um contato físico para causar sofrimento ou humilhação.

Em 2014, uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em que 58,5% dos participantes considerava o comportamento feminino um fator de influência para o estupro. O estudo também demonstra que 26% concordam inteiramente (13,2%) ou parcialmente (12,8%) com a frase "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", enquanto 58,4% discordam totalmente, 11,6% discordam parcialmente e 3,4% se declaram neutros.

Depois da apuração, os pesquisadores do Ipea chegaram à seguinte conclusão: “Constitui importante desafio reduzir os casos de violência contra as mulheres. (...) Uma das formas de se alcançar a diminuição deste fenômeno, além da garantia de punição para os agressores, é a educação. Transformar a cultura machista que permite que mulheres sejam mortas por romperem relacionamentos amorosos, ou que sejam espancadas por não satisfazerem seus maridos ou simplesmente por trabalharem fora de casa é o maior desafio atualmente”.

Em entrevista, um representante da página do Facebook Machistas. relativizou o tema. Segundo ele, o assédio seria algo seletivo – as mulheres é quem escolhem quais atitudes são ou não abusivas, de acordo com seu próprio interesse. "Fiu fiu (assobiar) é assédio desde que seja feito por um pedreiro, caso seja feito por um destacado social, ou um homem que preencha os critérios seletivos da mesma (mulher solteira), não será assédio de forma nenhuma", afirmou.

Já um dos administradores do Coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada considera que o assédio sexual é resultado da sociedade patriarcal em que estaríamos inseridos. "É qualquer ação que é invasiva, causa constrangimento, e é uma violência psicológica que a mulher sofre. E por assédio entendemos piadas machistas, cantadas, olhares ou até toques no corpo da mulher quando ela não permite", disse.

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