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Funk de resistência: identidade cultural das favelas cariocas

Por Maria Cristina Ramos e Stephany Cordeiro

Parada Funk no Aterro do Flamengo
Um dos maiores festivais de funk do país abraçou o centro do Rio de Janeiro, no mês passado, em 26 de junho. O Aterro do Flamengo - entre o monumento dos Pracinhas e o Museu de Arte Moderna foi palco da sexta edição do “Rio Parada Funk”. Das 9h às 18h, diversas atrações fizeram parte do show.

A novidade este ano ficou por conta da premiação, que se dividiu em quatro categorias: melhor funk de todos os tempos; melhor vinheta de equipe; funk do momento; e melhor baile funk. 



Aterro do Flamengo: Monumento dos Pracinhas
Desconhecer a trajetória do funk, enquanto movimento cultural de resistência, é ignorar a luta de uma população historicamente oprimida. 
Desde 1989, o baile funk virou atração geral. Os bailes – que eram realizados em clubes nos subúrbios do Rio de Janeiro – expandiram-se a céu aberto, nas ruas.  Mas é na década de 90, que o funk ganha identidade própria. As músicas abordam a violência e a pobreza da favela. As letras refletem o dia-a-dia dos moradores.
Com ritmo popular e contagiante, o funk passa a ser respeitado no mundo inteiro. Conquista um grupo de jovens cantores, que surgiram na internet, invadiram as rádios, e mostram a cara em programas de TV.
Ser MC é a bola da vez. A carreira de MC, atualmente, é a sensação do momento, para aquele que gosta de música. Traz fama, dinheiro. O morador da favela deixa para trás o desejo de ser jogador de futebol. MC Ryan, que está “na estrada” desde 2010, em busca de reconhecimento e sucesso conta.
Sou cria de Nilópolis, mas atualmente estou aqui na Zona Oeste, em Campo Grande. Tenho 21 anos. Cantava na igreja quando era pequeno. Cantar sempre foi um dom meu. Eu escrevo, sou MC, compositor, camelô, vendo DVD, o funk pra mim não é hobby, é vida, e eu estou em busca de realização do meu grande sonho”.
O funk teve uma repercussão ruim, quando promovia o famoso baile de corredor, que terminava geralmente com vítimas fatais. Mas esse comportamento, hoje mudou. Atualmente é frequentado, principalmente, por uma garotada jovem, que gosta da batida e do gingado que ele apresenta. Como é o caso da Thaynara, de 17 anos, que ressalta. 
Sou moradora da comunidade Mandela, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro. Nasci e cresci no meio do funk. Pessoas que não conhecem esse tipo de música têm preconceito. Mas o funk é uma coisa ótima, é um divertimento, é um lazer pra gente da comunidade”.
Algumas escolas do Rio de Janeiro retratam o funk como ferramenta pedagógica. Se apropriam do aspecto cultural, da mistura de gêneros musicais, como o samba e o frevo e transformam ritmo e expressão corporal em inclusão social. Desse caráter coletivo surge a oficina do passinho.
A oficina do passinho é auxiliada por um professor de Educação Física da escola, que trabalha com o aluno: o corpo, a dança e a história do funk, aplicados na coreografia. A finalidade deste projeto é desmistificar a questão da sexualidade e da violência, tão comum, quando se trata do movimento funk.
Mudança favorável no comportamento do aluno dentro da sala de aula foi relatada pelas escolas participantes do Projeto Bairro Educador.
“A oficina do passinho leva ao crescimento intelectual, rompe barreiras, cria identidades locais e promove o conhecimento de novas culturas.”

Dream Team do Passinho foi uma das atrações do evento (Foto: Divulgação/ Estação Rio)
O evento tem como objetivo consagrar de vez o funk como cultura popular brasileira e gerar na sociedade uma influência consciente e participativa.
Dentre as atrações apresentadas na Rio parada Funk, além do grupo Dream Team do passinho, estavam alguns dos grandes nomes do gênero, como os DJs Grandmaster Raphael, Sany Pitbull, Batutinha, Tubarão e Marlboro, Mc TH, Mc Maneirinho e a Bob Rum.
O Funk carioca surgiu do miami bass com batidas rápidas; passou pelo jazz, hip hop, frevo, samba, rap; e no Carnaval, o gênero ganha cada vez mais espaço. 





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