Desde
2011, a Mobilidade Acadêmica proporciona a troca de experiências entre os
alunos das 57 universidades do país que participam do programa. De acordo com a
diretora de divisão de programas especiais (PROGRAD), Dulce Pontes, os números
de inscritos não param de crescer. “Nos anos de 2011 e 2012, não havia muita
procura porque era um programa novo. Mas agora é possível notar o crescimento.
Neste segundo semestre de 2016, aproximadamente 50 alunos se inscreveram”.
O programa oferece em média 40 vagas por semestre, distribuídas
para alunos que chegam à universidade e os que partem da UFF em direção a
outros estados. Dulce lista como dificuldade para ocupar efetivamente a vaga a
sincronia dos calendários acadêmicos da IF receptora, greves, não cumprimento
dos prazos estabelecidos e desistências. Apesar das ressalvas, os universitários
que ingressam possuem rendimento satisfatório e muitas vezes, acabam
permanecendo por mais um semestre.
Ainda de acordo com a diretora, os estados com maior presença na
UFF este semestre são o Ceará, notadamente na área de cinema, Brasília e Mato
Grosso.
Um exemplo é o estudante de publicidade, Matheus Moraes, que veio
de Cuiabá (MT). “Escolhi o curso de publicidade pelo interesse na área de
criação e design. Infelizmente, a UFMT prioriza o ensino teórico, voltado ao
magistério e que não conta com disciplinas optativas de artes/criação, e os
cursos de design oferecidos em Cuiabá são caros. Vi na mobilidade a
oportunidade de cursar estas disciplinas e ampliar meu conhecimento na área que
me interessa sem ter um gasto muito grande”, explica sua escolha pela
universidade.
Questionado sobre as
dificuldades de morar sozinho em outra cidade, Matheus foi categórico: o preço
do aluguel em Niterói. O valor da bolsa é de R$ 600, o que muitas vezes já é
gasto integralmente com o aluguel. Por isso Moraes dá dicas para os que
pretendem se aventurar pela mobilidade.
“Analise
a instituição que gostaria de ir, procure cuidadosamente um lugar para morar
antes e, se possível, o visite. Tente não vir
sozinho, pois o começo em outra cidade é solitário, e tenha consciência que a
bolsa é apenas um auxílio, é preciso vir preparado para investir no processo”.
Além da Mobilidade
Nacional, existe também a Mobilidade Internacional, que oferta oportunidades
de estudo no exterior. Apesar das notáveis diferenças culturais e da língua, a
aluna de Comunicação Social, Joana Neves, que é de Setúbal, Portugal, também
concorda quanto à dificuldade de encontrar moradia e do preço exorbitante do
aluguel. O processo para encontrar uma república foi facilitado pelo Programa
de Apadrinhamento do Intercambista – PAI, uma atividade voluntária que visa à
integração dos alunos estrangeiros com os alunos da UFF para promover uma
experiência cultural mutua.
Acerca de suas impressões,
Joana elogia o ensino da UFF e faz recomendações aos futuros colegas.
"Tenho gostado muito, as aulas são boas e acho que o nível de ensino aqui
é muito bom, bem parecido com o que eu tinha em Portugal. E tem uma coisa muito
boa que é o bandejão por 0,70 centavos. Isso dá 0,20 cêntimos em Portugal e
com esse valor não se come em lugar nenhum por lá!”.
Além da bolsa que a mobilidade
oferece, os alunos podem fazer uso dos programas estudantis como o restaurante
universitário, bolsas de assistência, Acolhimento Estudantil e as moradias
estudantis.
PEC 241 e cortes de orçamento
Tramitando
no Senado, a PEC 241 é uma proposta de emenda constitucional que congela as
despesas do Governo Federal por até 20 anos. Por
consequência, esse congelamento atingirá setores como saúde e educação. Em uma
publicação recente, o Ministério da Educação (MEC) divulgou corte no orçamento
de 2017 de recursos em investimento, ou seja, em obras e recursos de capital,
das universidades e institutos federais.
Em razão da votação da PEC
e da defesa das 30 horas de trabalho, os técnicos e servidores da UFF
deflagraram greve em 24 de outubro, paralisando inclusive os serviços do
programa estudantil mais utilizado: o bandejão.
Além dos alunos em mobilidade
enfrentarem mais esta dificuldade, o próprio programa em si será prejudicado
com o andamento da proposta de emenda. Dulce Pontes já alegou que cortes de
orçamento afetaram as vagas de mobilidade, que passarão a decair com o passar
dos anos.
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