Visão de dentro: Moradia Estudantil

(Foto: Bruna Navarro / Moradia Estudantil UFF)

 Por Sasha Lima

Segunda-feira - 21 de abril - feriado de São Jorge no estado do Rio de Janeiro. Em visita à Moradia Estudantil na Universidade Federal Fluminense (UFF) de Niterói, o percurso da entrada do campi até a entrada da Moradia, localizada na beira da orla da Baia de Guanabara, encontrava-se vazio. Em meio aos 12 blocos movimentados nos períodos de aulas ou em obras, alguns minutos de caminhada e algumas olhadas para os lados foram suficientes para observar o escasso aparato de iluminação da área, a distância entre as duas entradas e a falta de ronda de segurança, visto apenas nas duas portarias. 
Não é à toa que segurança foi o pedido da estudante Bruna Navarro, 22, em entrevista para O Casarão. Dentre diversos problemas descritos pela futura Cientista Social sobre a Moradia Estudantil da Universidade Fluminense (UFF), a passagem pelo local em horários ou dias com pouco movimento deixa-os vulneráveis, segundo a estudante.
Inaugurada em 2013, a Moradia Estudantil possui uma cozinha comum a todos, uma lavanderia (fechada), dois convívios, que são áreas comuns com tevê, sofás e mesa de jogo em uma delas; uma sala multimídia; duas salas de estudos e 20 alas, cada uma com alguns quartos, banheiros, dispensa e área com máquina de lavar e secar. A ala quatro funciona como depósito. A limpeza das área comuns é feita pelos mesmo funcionários da limpeza da Universidade, sendo as alas, de responsabilidade dos seus moradores. Os mesmos têm assistência do bandejão durante a semana, recebem alimentos para as refeições dos fins de semana e de 15 em 15 dias o café da manhã, o que é descrito como problemático por Navarro, pois já houve “caso de comida estragada, fora da validade”. Além de prezarem por uma refeição saudável, acompanhada por nutricionista, contudo só enviam cenoura e batata de legumes, não há variedade.
A UFF já era o destino sonhado pela estudante desde o Ensino Médio, mas seus familiares tiveram receio da saída de casa para um outro estado - São Paulo para Rio de Janeiro . Conhecendo os programas de assistência estudantil existentes, ela esperava chegar e receber o auxílio da moradia, porém se deparou com limitações como a falta de abertura de editais, que acontecia há anos, tendo assim que fazer “bicos” para manter-se na graduação e sobreviver. “Acreditava na permanência estudantil através das assistências. Vai dar certo, existe uma moradia na UFF. Cheguei aqui e já fazia muito tempo que não abria edital de moradia. Foi meu primeiro choque”.
Há um ano na moradia, dificuldades, que segundo ela são anteriores a sua chegada, não tiveram solução. “É necessário mudar a comunicação, atender a pauta dos alunos”. Como dependentes, os estudantes devem o retorno de notas e presença nas aulas à Universidade, porém a própria Universidade não atende assistência básica de higiene, a cozinha possui “criadouros de baratas”, já houve muita dificuldade também com falta de água.
Sobre os processo seletivo a estudante declara: “conseguir qualquer coisa com a PROAES é matar um leão por dia. Na verdade a gente não deveria ficar muito feliz, na verdade a gente deveria ficar bem triste, porque quando você consegue é de fato uma comprovação de miséria extrema.”
Apesar das problemáticas de gestão, organização e cuidados, o auxílio dado através da moradia é reconhecido por sua importância, onde em meio dificuldades recebe os alunos, mesmo que um número  limitado, dando oportunidade de continuar no meio acadêmico. “Mas também não posso deixar de ser muito grata à assistência que a moradia me prevê”, completa Navarro.

Foto: Bruna Navarro / Moradia Estudantil UFF

Foto: Bruna Navarro / Moradia Estudantil UFF