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O que os estudantes da UFF dizem sobre a interrupção do PIBID

Por Thaís Marques
Roda de conversa sobre docência promovida pelo PIBID. Foto: Lizandra Goiabeira


Marcia Barbosa ficou sabendo do programa por indicação de outros amigos. Conseguiu se inscrever após grande procura, com a abertura do último edital interno da UFF, e pôde integrar o PIBID entre agosto de 2017 e fevereiro deste ano. Lizandra Goiabeira já estava nele antes, desde setembro de 2016, e contou com orgulho ter trabalhado a lei 10.369 em um de seus projetos. Trata-se de uma norma que inclui no currículo oficial das instituições da rede de ensino a obrigatoriedade da aplicação de conteúdo sobre "História e Cultura Afro-Brasileira". Ambas relatam ter enxergado o período no PIBID como enriquecedor, Marcia nas Ciências Sociais e Lizandra pela Geografia. "Por mais que a gente tenha passado como estudante, é uma experiência completamente diferente, principalmente por se tratar de escola pública. Muita gente que está hoje na universidade sequer colocou o pé lá", relata Lizandra.

Sobre o cenário atual, elas alegam temer uma precarização do programa, pois a divisão entre discentes da primeira e segunda metades dos cursos pode acarretar no uso de universitários para prática na docência profissional e efetiva. Marcia comenta nunca ter lecionado sem a orientação de um professor. "Sempre rola esse medo do Residência Pedagógica ter o caráter de nos usar como mão-de-obra barata", conclui.

Além disso, Lizandra se atenta à quebra do desenvolvimento feito com os alunos e suas implicações. Segundo ela, a conquista dos estudantes nas escolas é construída com o decorrer das atividades e de projetos que os contemplem. Há a possibilidade de um discente do quarto período,  por exemplo, trabalhar no PIBID e depois ser inserido no Residência Pedagógica para que se mantenha na atuação, o que poderia ser em outra instituição, com outros alunos e professores. Ainda de acordo com a universitária, o início do edital após a metade do ano também é um problema. “Em agosto, dependendo do segmento que você pega na escola, fica difícil ter algum tipo de interação legal".

Com a ausência de editais em vigência, o auxílio financeiro faz falta para Marcia. Assim que soube das determinações oficiais do PIBID, ela começou a trabalhar como free lancer em uma área distinta de sua formação, visto que há poucas vagas em estágio docência. "A coordenadora até mandava e-mails com oportunidades, mas nunca fui chamada para as entrevistas", desabafa. Já a estudante de Geografia, comenta sobre outro ponto: a recepção dada aos licenciandos que estagiam nas escolas. “É muito difícil achar algum professor que não veja o estudante como uma pessoa estranha que está ali para apontar erros e acertos dele, o que dificulta o trabalho”. Segundo ela, o PIBID auxilia justamente nesse sentido, pois engloga reuniões e projetos com professores interessados em ajudar.

Marcia aguarda o início dos novos editais e Lizandra trabalha na finalização de um projeto de extensão montado com a professora Amélia, enquanto também se prepara para terminar sua formação.

Reunião do grupo de PIBID coordenado pela professora Amélia Cristina. Foto: Lizandra Goiabeira




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