Por Letícia de Azevedo
Mesmo com a era da tecnologia, as revistas teen se adaptam e continuam presentes nas vidas das garotas. Elas abandonam as bonecas Barbie pelo interesse em saber o que as Barbies da vida real estão fazendo, o que estão vestindo, o que comem, e o mais procurado: como ser igual a elas?
De acordo com o doutor de psicologia clínica e psicanalista, Contardo Calligaris, o sonho adolescente é ser visto de igual pra igual com um adulto, mas sem esse reconhecimento, acaba desenvolvendo a grande questão de "quem sou eu", pois se encontram em um paralelo onde não se encaixam mais como criança, mas também ainda não são adultos formados.
De acordo com o doutor de psicologia clínica e psicanalista, Contardo Calligaris, o sonho adolescente é ser visto de igual pra igual com um adulto, mas sem esse reconhecimento, acaba desenvolvendo a grande questão de "quem sou eu", pois se encontram em um paralelo onde não se encaixam mais como criança, mas também ainda não são adultos formados.
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Foto: Twitter |
No dia 4 de dezembro de 2017, a revista Capricho, uma das mais famosas criadoras de conteúdo para as adolescentes, publicou uma reportagem sobre o suicídio de Milly Tuomey, uma garota irlandesa de 11 anos que tirou a própria vida por "não atingir o corpo ideal". A revista, que tem a conta vinculada ao Twitter oficial, sofreu um grande bombardeio de "hate" por seus próprios ex-leitores. Respostas atacando a matéria, deixaram claro o pensamento de alguns ex leitores sobre a revista que é famosa por dar dicas de moda e até alimentação, buscando atingir a aparência ideal, corpo ideal. Apesar de todo o alarde, a Capricho não se pronunciou sobre.
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Foto: Twitter |
De acordo com Nycolle de Moraes Ponciano, uma estudante de 19 anos e ex leitora de revistas teen, os padrões impostos pelas revistas sempre foram algo incômodo. Lojas caras, os famigerados quizzes que tinham o poder de acertar sua roupa ideal, seu cabelo ideal, o país ideal pra você, como conquistar seu "crush" e agradá-lo... "Tem que haver algo ideal mesmo?" Questiona a estudante e ainda completa "Muitas vezes era aquele papo: "ame-se, mas você deve ser de tal maneira", a necessidade de pessoas que estão formando suas mentes é de aceitar-se como são, ajudar a superar seus traumas e não impor sobre qualquer jovem os tutoriais para ser a bonequinha perfeita na sociedade."
Gabriela Zocchi, repórter de entretenimento da revista Capricho diz que as críticas são sempre muito bem-vindas e avaliadas, para que algo de construtivo possa ser extraído dali: "Se é sobre algo que de fato erramos, fazemos o melhor para consertar a situação, seja apagando a nota ou dando uma retratação.", relata. A revista, hoje apenas eletrônica, sofreu algumas mudanças com o tempo. Mudanças que talvez os ex leitores não estejam atentos. "Acho que um momento bem importante foi quando começamos a nos atentar mais para conteúdos girlpower. Por muitos anos, todas as revistas femininas davam matérias pensadas pela perspectiva dos homens (“Como atrair o garoto?”, “as maquiagens que os meninos mais gostam”, etc), porque essa era a visão de toda uma sociedade. Quando o movimento feminista começou a ganhar força e destaque, começamos a perceber que matérias daquele tipo não faziam mais sentido, e assim o conteúdo de nossas publicações foi mudando aos poucos." Admite a repórter, sobre as mais fortes mudanças sofridas no conteúdo da revista.
A mudança para apenas o eletrônico visou estar mais acessível para as adolescentes que estão sempre conectadas e, de acordo com Gabriela, a revista conta com um grupo de garotas de todo o Brasil, que estão sempre em contato com a redação, colocando em pauta o que o público quer ler, quer ver, o que precisam (conselhos, dicas...). Na opinião da psicóloga e terapeuta cognitivo-comportamental infantil Nayara Benevenuto Peron, o problema nesse contexto é o fato da criança ou adolescente ainda ser inexperiente para absorver de maneira crítica o que é passado. “A imitação é uma capacidade inata da criança. Até os 3 anos, elas imitam os pais, os irmãos e os professores. Já os adolescentes que passam muito tempo viajando pelos meios de comunicação acabam sendo regidos por eles.”, explica.
Tendo em vista a era de informação exacerbada, as revistas teen ainda continuam presentes na vida das novas gerações de garotas que procuram sempre estar atualizadas em tudo. Conforme a sociedade vai mudando, o conteúdo também vai se adaptando, como complementa Gabriela: "Se você se atentar ao conteúdo que damos hoje, vai perceber que nossa equipe se preocupa sempre por incluir garotas com diversos corpos e estilos nas publicações, por isso sempre temos fotos de brancas, negras, magras, gordas, altas, baixas..."
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