Navigation Menu

A dificuldade de ser universitário e morar em Niterói

De acordo com índice do FipZap de 2018, Niterói é a quarta cidade com o m² mais caro do país.

Por Alex Oliveira


                                     
fonte: Mapa de Cultura RJ

Desde que o SISU foi adotado como a principal forma de ingresso na Universidade Federal Fluminense, em 2012, Niterói passou a receber mais pessoas de outros estados do Brasil. Dados divulgados pela Superintendência de Tecnologia da Informação da UFF  mostram que o crescimento de alunos oriundos de outros estados logo após o primeiro ano de adesão total do SISU foi de 44,8%. Localizados majoritariamente nos bairros de São Domingos, Gragoatá e Inga, estudantes vêm encontrando dificuldades para achar um lar. Um levantamento feito pela nossa redação no site Zapimoveis.com mostra que um apartamento com três quartos nas redondezas da UFF, custa no minimo R$ 2.000 mil , somando o condomínio e o IPTU, além do cheque calção e a necessidade de se ter um imóvel no RJ como garantia.

De acordo com índice do FipZap de 2018, Niterói é a quarta cidade com o m² mais caro do país, o que complica o universitário de Niterói encontrar o seu espaço. Como a moradia estudantil e o auxilio moradia da UFF são insuficientes, e não atendem a demanda de todos os alunos que precisam, os estudantes recorrem a outras opções, como repúblicas, pensões, quartos e albergues. Porém o alto preço imobiliário, inúmeras exigências e regras não tão comuns assustam os novos moradores de Niterói.

"Niterói está cada vez pior para se morar, os proprietários colocam valores extravagantes, tem lugares que são excelentes e até acredito que o valor pode ser mais alto, pois existem pessoas que possam pagar, mas a indignação é por aluguéis altos, em lugares com péssimas qualidades para morar"  relata o estudante de direito Gabriel Nogueira, que está à procura de um novo lugar para morar e até o momento já visitou 14 repúblicas, porém encontrou apenas três "boas". A estudante de Comunicação, que prefere não se identificar, conta ao Casarão que tem experiencias boas e ruins em morar fora de casa. A futura comunicóloga nos conta que no primeiro momento morava sozinha em Niterói, mas logo depois foi à procura de uma república para dividir apartamento. Atualmente ela se encontra em sua quinta moradia."As experiências boas são as amizades que você faz e de não se sentir tão sozinha" relata a estudante que veio a Niterói por conta da universidade, e fala qual a sua principal experiência ruim: "a desorganização de outras pessoas". Ela conta para a nossa reportagem que foi enganada pela pessoa que anunciou uma vaga no Facebook em um apartamento que morou. A universitária relata que no começo era tudo mil maravilhas, e a pessoa parecia ter boas intenções. Porém, descobriu que ela seria uma moradora "tampão" há 15 dias do contrato vencer, ficando apenas dois messes no apartamento."Eu surtei" relata a estudante, que ficou desamparada e acabou voltando para sua cidade natal.


(fonte:maresia.elmistihostels.com)


Iohanna Tomé, estudante de Artes, conta para O Casarão que assim que chegou em Niterói passou por dificuldades com moradia. A princípio, morou em uma casa com 10 pessoas, mas logo após, mudou para um apartamento em que levou um calote do cheque calção pedido pela locadora. A dona do apartamento a expulsou da casa e não devolveu a quantia paga antecipadamente."Foi horrível" , conta ela, que teve que morar de favor até encontrar um outro local. Devido aos altos valores das redondezas da UFF, ela mudou para Icaraí, onde o aluguel está mais baixo e a qualidade de vida, melhor.

Outro ponto apurado pelo O Casarão são as regras que os locadores põem em seus imóveis: "Já passei por entrevistas para vaga em república onde não podia nem receber uma amiga ou parente na casa, não podia beber nem uma cerveja" conta a estudante de Ciências Atuariais, Nathalya Moreira para nossa redação. Já um estudante de Economia que prefere não se identificar conta ao Casarão que passou por uma situação ruim, onde ele pagava caro e tinha horário para ficar dentro da casa "No começo o cara parecia ser gente boa, que queria alguém para morar junto e dividir as contas, mas depois ele veio com um papo que se eu ficar mais tempo na casa teria que pagar mais e que eu só podia ir lá para dormir, fiquei muito triste".

Encontrar um lar em Niterói não tem sido fácil para os universitários, mas há também casos diferentes. O Casarão conheceu a Regina Rangel, proprietária da casa "Lar das Vencedoras". Diferente dos inúmeros casos de pessoas que não se dão bem com os locatários, Regina Rangel conta que aluga vagas para meninas há nove anos, e são como uma família para ela. Além de contribuir para o pagamento das despesas, alugar a sua casa a satisfaz ao lado afetivo, pois as meninas são como suas filhas. "Coloquei uma placa em forma de coração na minha porta escrito "Lar das Vencedoras", já que o foco no meu ambiente são as conquistas e a mobilidade social" ela diz ainda que já tem uma menina em sua casa, que tem 24 anos e já esta no doutorado, e isso é o motivo de orgulho para sua casa.

Com o intuito de dividir experiências sobre republicas, universitários de Niterói criaram um grupo fechado no Facebook chamado Onde Não Morar em Niterói. Neste espaço, estudantes relatam suas bagagens com moradia em Niterói, alertando as pessoas sobre as propagandas enganosas, e tirando duvidas com antigos moradores dos locais citados.

0 comentários: