Criado há mais de 20 anos, Projeto Gugu leva atividades a três mil idosos em Niterói
Foto: Rodrigo Soldon
Niterói
é considerada uma das melhores cidades para se envelhecer com saúde. Um
estudo realizado pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon junto com a
FGV, revelou que a cidade é a segunda melhor no país para o idoso.
Alda
Borges, a Borboletinha, 92, esbanja saúde e bom humor
Uma boa mostra da longevidade do município pode ser vista diariamente nos diversos núcleos do Projeto Gugu, criado pela
FUNCAB (Fundação Professor Carlos Augusto Bittencourt). Idealizado pelo então
ortopedista e professor que leva o nome da fundação, o projeto teve início no
dia 10 de abril de 1995, na praia de Icaraí. Completamente gratuito e sem
restrição de idade, o projeto conta hoje com o patrocínio da Prefeitura de
Niterói e possui 40 núcleos com a participação de 3000 pessoas.
Regina Bitterncourt, esposa do fundador do projeto, conta que a ideia apareceu após uma palestra dada
por Carlos Augusto na UNIVERTI (Universidade Aberta da Terceira Idade). Na
ocasião, o ortopedista discutiria sobre prevenção, mas pensou de que adiantaria
falar sobre isso já na terceira idade. “Como ele era idoso também, pensou em
como colocá-los para fazer exercício. Há 23 anos o idoso não ia para a
academia, não havia todos esses projetos. Aí ele teve a ideia de ir para a
praia de Icaraí. No dia seguinte tinham 32 senhoras. Levamos um radinho de
pilha e aliado à sua experiência em exercícios, ali começou.”
O Projeto Gugu conta
hoje com 37 núcleos de ginástica, 2 de dança de salão e 1 coral.
O
projeto mantém núcleos espalhados por todos os bairros da cidade, como Icaraí,
Santa Rosa e Rio do Ouro, com atividades diárias. Além das atividades físicas, a
confraternização é um dos focos do projeto, como conta Lourdes, 72 anos, há 16
no projeto: “Ele [o projeto] é muito bom, porque não visa só a ginástica, ele
visa as pessoas, a integração de um com o outro. Tem festa de dia das mães, tem
passeio, tem festa de fim de ano. A gente recolhe o dinheiro no mês e faz a
festinha do aniversariante de dois em dois meses. Festa de São João, de dia das
mães... Tudo. É muito bom. A gente faz amizades. Esse núcleo aqui já tem 240
pessoas.”
As
atividades têm mudado não só o corpo dos idosos como também a mentalidade de
muitos deles. Ainda que tímida, a presença de homens no projeto tem crescido. “As senhoras ficam viúvas, porque o homem morre mais cedo. E essa geração vive em função dos maridos. Quando eles morrem, elas ficam sem chão.
Ficam sozinhas, os filhos precisam trabalhar... Acabam caindo em depressão. Mas
agora vêm casais. E isso é muito bom, ver esses casais chegando. O homem ainda
é muito resistente, mas hoje já vieram seis. Eu fiz um evento no projeto que
precisava de assinatura. Consegui 1900 assinaturas. Dessas, apenas 110 eram
homens. Mas hoje é diferente. De vez em quando entram alguns, principalmente nesse
núcleo. Alto astral é o clima do Projeto Gugu”, completa Regina.
Por Matheus Deccache
Por Matheus Deccache
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