Por Joana Mata
Ingressar no Ensino Superior é o grande sonho de muitos brasileiros. Mas o sonho nem sempre corresponde à realidade. Segundo informação divulgada pela Secretaria de Educação Superior, cerca de 50% dos alunos matriculados na graduação teriam se transferido de curso ou abandonado a universidade, em 2016.
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Chris Ryan via Getty Images |
Ingressar no Ensino Superior é o grande sonho de muitos brasileiros. Mas o sonho nem sempre corresponde à realidade. Segundo informação divulgada pela Secretaria de Educação Superior, cerca de 50% dos alunos matriculados na graduação teriam se transferido de curso ou abandonado a universidade, em 2016.
Apesar de elevado, o índice ainda não abrange todos os estudantes insatisfeitos com a graduação. Há também aqueles que, por diversas razões, concluem o curso mesmo não se identificando com ele. Para o especialista em produtividade, Christian Barbosa, em entrevista para o Correio Braziliense, isto comumente gera frustração no universitário. A incompatibilidade entre o mercado de trabalho e as habilidades pessoais, em muitos casos, leva os profissionais de volta à sala de aula, em busca de uma segunda graduação.
Em pesquisa realizada pela International Stress Management Association do Brasil, em 2015, constatou-se que 72% dos brasileiros consideram-se infelizes com seu trabalho. Estes profissionais tendem a ser menos produtivos, de modo que a frustração encontrada ao cursar uma área diferente daquela desejada permanece durante a carreira.
Como forma de prevenir insatisfação e desmotivação, Felipe de Souza, que estudou Psicologia durante seu doutorado, sugere que o aluno liste os fatores que o levaram a escolher determinado curso e se pergunte se a conclusão resultará em alcançá-los. Diz ainda, “se a resposta for negativa, é uma boa ideia repensar sua escolha e procurar outro caminho”.
De exemplo vivo desta afirmação, tem-se o estudante José Inácio Piutti que, há um ano, cursa Jornalismo na Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). O jovem sempre sonhou com a carreira, mas teve que escolher outra área para entrar na faculdade por não atingir nota suficiente no vestibular. Influenciado pela família, matriculou-se no curso de Relações Internacionais e concluiu o primeiro período ainda sem sentir identificação com a carreira.
Inácio, porém, não estava conformado e viu nas vagas abertas para o segundo semestre sua chance de conquistar a vaga desejada. “Usei minha nota e aguardei para, no final, avisar a meus pais que não seria mais um internacionalista”. O bolsista do ProUni conta que enfrentou dificuldades com a secretaria da universidade, pois não eram claros os passos a serem tomados no processo de troca dos cursos, mas acredita que fez a escolha certa e sente-se feliz com a nova formação.
Quem teve mais dúvidas na hora de migrar, porém, foi a estudante Gabrielly Alves. Nascida em Natal, a universitária se mudou para o Rio de Janeiro cursando Jornalismo na Universidade Federal Fluminense, mas começou a sentir-se desmotivada. “Ficava me perguntando se não era uma fase, só falta de costume, ‘no outro período melhora', pensava”. Com o tempo e a constatação de que a situação não mudava, a jovem se viu estressada e cada vez mais queria “largar o que estava fazendo”.
A solução veio ao procurar por outra coisa que a interessasse, algo com efeitos opostos aos do Jornalismo em seu emocional. Apaixonada por escrita e cinema, decidiu ingressar em Produção Audiovisual, mas seus familiares temiam que a jovem deixasse sua faculdade. A mãe da universitária constantemente afirmava que Gabrielly não poderia deixar uma instituição federal sem outra alternativa segura.
Para convencer a mãe, Alves chegou a frequentar simultaneamente ambas as faculdades por um período, assim pode dar a certeza de que o novo curso era uma escolha definitiva e agora já faz planos de complementar sua formação se graduando em Produção Textual.
Uma vez que as alternativas mais comuns são concluir o curso e provavelmente não retornar a utilizar os conhecimentos adquiridos, ou construir toda a carreira numa área não atrativa; apesar das dificuldades que possam ser encontradas, transferir-se de curso dentro da universidade é uma opção que apresenta grande compensação no futuro, quando se está insatisfeito com a graduação corrente.
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