Por Suelen Fernandes e Vinícius Gonçalves
Na última quinta-feira (13), ocorreu no IACS, em meio aos eventos de comemoração de 50 anos,
a Mesa LGBT — uma roda de conversa entre estudantes e professores, com debates sobre questão de gênero e
orientação sexual. O evento contou com a participação de Eloá Rodrigues, uma mulher trans e
estudante da UFF (4º período de Ciências Sociais), Tali Ifé, um homem trans e também estudante
da UFF (7º período de Produção Cultural), e teve a professora Flávia Lages como mediadora.
No evento foi mostrada a importância de questões desta natureza serem debatidas na sociedade,
principalmente em ambiente universitário, através dos relatos de suas experiências como LGBT
na universidade.
A conversa começou com algumas palavras da professora Flávia. De forma divertida, ela descreveu
como funciona a bolha em que os LGBTs vivem na universidade (destacando o conforto que o IACS
dá a eles), discutiu a ausência de dirigentes LGBT na UFF e em demais cargos importantes na
sociedade e, além disso, falou sobre a falta de mulheres nas teorias acadêmicas e que tais assuntos
também devem ser debatidos por heterossexuais.
Eloá Rodrigues, que foi estudante do PreparaNem, mostrou a dificuldade e necessidade dos LGBTs
estarem na universidade, sobretudo os transexuais, além dos dramas sociais e familiares passados por
eles. Discutir a LGBTfobia é fundamental, disse ela: “Se a sociedade criou o problema, é justo que a
própria sociedade o resolva”.
Tali Ifé, que nasceu no Mato Grosso e veio em função do estudo para o Rio de Janeiro, contou um
pouco mais sobre sua experiência pessoal dentro das salas de aula. Ele sofreu com o estranhamento
dos professores enquanto trans: foi chamado no feminino sem parar e chegou a largar 8 matérias
pelo preconceito; escolheu então mudar seus ciclos a fim de ter uma boa vivência universitária.
Tali coloca o diálogo como a principal forma de evitar a evasão da comunidade LGBT:
“Divida seus incômodos! Pergunte!”
A mesa também abriu espaço para as dúvidas de quem estava ouvindo. Entre as perguntas, a cota
para transexuais na graduação e pós-graduação, binarismo e a visibilidade que a transexualidade
ganhou na última década foram discutidas.
Os últimos 50 anos do IACS foram cheios de vitórias e conquistas para a comunidade LGBT —
hoje em dia, a Casa Rosa é um lar para quem não é bem-tratado fora dali. Os próximos 50 anos
estão em nossas mãos. Chegamos até aqui. Para onde vamos?
0 comentários: