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Teatro e inclusão


Por Anna Luiza Amorim

No último dia de celebração dos 50 anos do IACS, a peça “A disformidade do disforme” voltou ao casarão para mais uma apresentação, nos ensinando uma importante lição sobre empatia. A obra foi resultado do TTC de Fagner Emerich, que se formou na UFF em produção cultural no final do ano passado e hoje, junto com alguns amigos, faz parte de uma companhia de teatro chamada Coletivo de Quinta. Em Abril, o grupo ficou um mês em cartaz no Centro Cultural dos Correios, em Niterói, mas depois desse período resolveram dar uma pausa nas produções por conta da falta de incentivo financeiro.
A história tem como personagem principal Santiago (Matheus Apolonio), que sofreu um acidente e perdeu a mobilidade das pernas, desde então, vive sozinho e sem muito apreço pela vida. No entanto, essa situação muda quando sua tia contata uma organização para ajudá-lo, o protagonista então recebe a visita de Glaucia (Ys Rangel), Samuel (Lauro Tomaz) e Cauê (Jordan Cardoso), todos possuidores de alguma deficiência. Por meio de experiencias sensoriais, a peça coloca o expectador na posição dos personagens, fazendo-o sentir na pele, por alguns instantes, o que é ter uma deficiência. Com um texto sensível, a obra conscientiza e emociona o público, promovendo um debate importante sobre acessibilidade, muitas vezes esquecido nas agendas políticas.
A performance dos atores é um dos pontos altos do espetáculo e apesar de não possuírem as deficiências de seus personagens, conseguem passar credibilidade por meio de suas atuações. Esse sucesso é resultado da preparação e comprometimento dos artistas, que confessam não ter sido um processo fácil. Lauro Tomaz, que interpreta um personagem surdo, conta que de início foi um desafio pela necessidade de aprender libras, uma língua que tem movimentos precisos, e o medo de errar era grande. 
 A peça não só produz um efeito no público, mas no elenco também, Ys Rangel, com o papel de uma jovem cega, falou sobre a reflexão que sua personagem lhe proporcionou “a visão da gente talvez seja o maior defeito do ser humano, porque quando a gente não enxerga a gente não julga(...), a gente precisa ouvir (...), a gente precisa sentir o cheiro, a gente precisa sentir o gosto. Então se a gente não enxergasse não teria tanto preconceito, tantos problemas socias como a gente tem”.
Assim como a primeira apresentação, que ocorreu no IACS em outubro do ano passado, a montagem de sexta-feira, dia 14, marcou uma nova página para os membros do grupo, que agora planejam retomar as apresentações e novos projetos. É possível acompanhar o trabalho deles por meio das redes sociais, no Instagram (@coletivodequinta) e no Facebook (Coletivo de Quinta). 

Da esquerda para direita: Ys Rangel, Fagner Emerich(sentado), Matheus Apolonio, Lauro Tomaz e Jordan Cardoso.
                                                                                   

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