Mães contam com redes de solidariedade para conciliar a vida de estudante e a maternidade
Por Vinicius Gonçalves
Foto: arquivo pessoal
Ingressar e se manter na universidade é algo complicado, porque exige muito estudo e dedicação. Mas pode ficar ainda mais quando se tem um filho para criar. O que é o caso de algumas estudantes com essa responsabilidade.
Andrezza Francis, ex- aluna de publicidade da UFF, afirma que passou por diversos desafios por ser uma mãe estudante. Ela deixava sua filha com a sogra, mas muitas vezes tinha que levá-la para a universidade por não ter ninguém para cuidar dela. Felizmente, com a ajuda da coordenação do curso de Comunicação Social, conseguiu cursar matérias obrigatórias de casa por seis meses para não perder a bolsa de iniciação e inovação, mas não é caso de todas as estudantes, que em geral, abandonam a faculdade. Andrezza recebeu apoio de professores e colegas do IACS, Instituto de Arte e Comunicação Social, para custear seus materiais, passagem, estadia e alimentação. Eles também contribuíram com cestas básicas, fraldas e exames.
A estudante Thais Rodrigues, aluna de história da UFF, conta que passou por momentos complicados durante o curso. Thais tem um filho com deficiência neuromotora, por isso necessita de ainda mais cuidados pelas constantes consultas e tratamentos médicos. Durante a gestação, passou por uma gravidez de risco e por se sentir mal perdeu matérias, trancou os dois semestres de 2016 e perdeu por falta o primeiro semestre de 2017, aumentando o medo de ser jubilada. Às vezes, sem ninguém para olhar filho ela o leva para as aulas e acaba dividindo a atenção. Ela relembra que, de acordo com a LBI, lei brasileira de inclusão, o filho deveria ser aceito em qualquer escola ou creche, sem precisar de laudo, sem burocracia, o que infelizmente não aconteceu.
Estrutura
Localizada no Gragoatá, a creche sofre com um número pequeno de vagas para a demanda de crianças que são selecionadas por sorteio. Ela oferta vagas para a primeira etapa da Educação Básica em turmas de creche (crianças de 2 e 3 anos) e pré-escola (crianças de 4 e 5 anos).
Os empecilhos para as mães estudantes vão da vida pessoal a questões de burocracia universitária. O bandejão não aceita crianças com a justificativa de que a comida é imprópria e permite a entrada apenas de lactantes. Os prédios não têm ambiente para trocar fraldas e alguns professores se incomodam com bebês em sala de aula.
Bolsas
Estrutura
Localizada no Gragoatá, a creche sofre com um número pequeno de vagas para a demanda de crianças que são selecionadas por sorteio. Ela oferta vagas para a primeira etapa da Educação Básica em turmas de creche (crianças de 2 e 3 anos) e pré-escola (crianças de 4 e 5 anos).
Os empecilhos para as mães estudantes vão da vida pessoal a questões de burocracia universitária. O bandejão não aceita crianças com a justificativa de que a comida é imprópria e permite a entrada apenas de lactantes. Os prédios não têm ambiente para trocar fraldas e alguns professores se incomodam com bebês em sala de aula.
Bolsas
O único auxílio existente para estudantes nesta situação é a bolsa creche, no valor de cem reais, requerida no serviço social da universidade. O programa auxilia estudantes matriculados em cursos de graduação presencial que tenha filhos em idade de Educação Infantil, de 0 a 6 anos incompletos para custear as despesas com creche e prestação de serviço similar. Um empecilho para algumas famílias, porque nem todas as mães conseguem vaga. O último edital de auxílio creche tinha apenas 50 vagas selecionadas por critérios de renda, saúde e familiares.
Na UFF há uma bolsa emergencial de 1 a 3 meses, quando há problemas na vida pessoal do aluno, como perda familiar recente do responsável pela renda; desemprego recente do estudante ou familiar provedor da casa ou outras situações excepcionais. No entanto algumas mães alegaram que ao pedir ao auxílio foram ignoradas pelos responsáveis, caracterizando o descaso da universidade com a real importância da bolsa.
A relação entre maternidade e estudos universitários já está em debate no Congresso Nacional. O Senado discute um projeto de lei já aprovado na Câmara dos Deputados que trata do tempo de afastamento das mulheres grávidas que são estudantes. Atualmente, a lei prevê um prazo de três meses: do oitavo mês de gravidez ao segundo pós-parto.
Outra proposta (PLS 185/2018), apresentada pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), estende a mães que não são bolsistas na universidade a suspensão dos prazos acadêmicos em 120 dias em função do parto ou adoção. O benefício já é lei desde 2017 para as mães bolsistas, que têm prorrogado o recebimento da bolsa em função da maternidade (Lei 13.516/2017).
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