(Foto: Empresas Maranhense de Serviços Hospitalares)
O número de candidatos que concorrem para essa modalidade varia, assim como o número de vagas disponibilizadas. Em 2018, o número de inscritos não passou de 50 alunos em cada curso, exceto em direito, que teve mais de 150 concorrentes para 1 vaga, e medicina, que teve 50 vagas no total para 941 candidatos inscritos.
A transferência facultativa nada mais é que o vinculo do aluno, que veio de outra universidade, pública ou particular, por meio de um concurso público. O exame consiste em duas provas de habilidades específicas do curso e uma prova de redação. O número de vagas abertas depende da quantidade de desistentes em cada curso. Em todo o país, cerca de 900 mil estudantes abandonaram o curso antes de concluir a graduação. O total de vagas do edital da UFF de 2018 foi de 2474. Alguns cursos ofereceram uma quantidade grande de vagas, como o de Engenharia Agrícola e Ambiental, que teve 40 vagas. Já o de Química Industrial abriu apenas 2 no mesmo ano.
A coordenadora do curso de Jornalismo, Larissa Morais, explicou o motivo de serem tão poucas as vagas no processo. Ela afirma que todo período o coordenador se reúne com professores do seu curso e depois de analisar com eles, discute com a PROGRAD (Pró-Reitoria de Graduação da UFF) o número de vagas que serão disponibilizadas no concurso daquele ano, já para o primeiro e o segundo semestre. Eles decidem isso analisando o número de pessoas trancadas e a evasão do curso. Além disso, no caso específico de Jornalismo, ela afirma serem poucos os números de vagas, pois as salas para as aulas práticas têm pouco espaço, cabendo 30 alunos e o SISU já abre vagas para 26 deles.
O edital com as regras para concorrer a essas vagas é publicado no mês de dezembro do ano anterior ou em janeiro do mesmo ano do concurso. Essas regras também variam de acordo com o curso, mas é preciso ter cursado um número mínimo de horas para realizar a mudança. Também é preciso consultar o edital para saber se o curso pretendido permite a mudança, caso a transferência seja para um curso diferente da graduação de origem do candidato. Para a maioria dos entrevistados, o edital é simples e facilmente assimilado. Guilherme Cunha, que cursa Publicidade na UFF e antes era aluno do mesmo curso na Universidade Estácio de Sá, disse que a dificuldade encontrada foi o curto prazo de entrega de documentos e medo de perder o tempo. Os documentos necessários são o histórico escolar da faculdade que cursa, com as cargas horárias das disciplinas já cursadas, uma fotocópia da identidade e a declaração de matrícula que mostre o vínculo do candidato com a sua instituição de origem.
Guilherme Cunha diz que as provas foram fáceis e o tema da redação era bem atual. "A redação, que era meu maior medo, por achar que seria algum tema político, foi sobre feminismo e a escola de princesas. Eu convivo com muitas amigas feministas e leio muito sobre, então me senti confiante com o tema". Ana Beatriz Mello, que cursa Jornalismo e veio do mesmo curso na UERJ, concorda com ele: "A prova era relativamente tranquila, parecia um vestibular como qualquer outro".
A adaptação com a nova faculdade.
Muitas são as questões que ocorrem aos alunos depois de passarem o concurso e entrarem na UFF, uma nova universidade, um novo ambiente.
Os entrevistados afirmam que não tiveram problemas na questão amizade, mas Ana Beatriz Mello afirma ser estranho entrar em uma turma aonde os laços de amizade já estão formados. Já Guilherme Cunha afirma que as amizades foram apenas questão de tempo: "Fui muito quieto no primeiro período que fiz aqui, mas porque gosto de observar primeiro". Ele diz, ainda, que o fato de já ter estudado e trabalhado na área o ajudou a se aproximar de algumas pessoas.
Para a área acadêmica, a UFF oferece a possibilidade de cortar as matérias. A coordenação avalia o histórico e as ementas das matérias já cursadas pelo aluno na instituição anterior e tentar aproveitar o possível, como afirma Larissa Morais. Ela acredita ser bom para a UFF, por cumprir o papel de formar alunos, e para o aluno, já que tem o aproveitamento do que já cursou. Rafaella Bizzo, aluna de Publicidade na UFF e que cursava o mesmo curso na Universidade Veiga de Almeida, afirma que entrou com o processo do corte de matéria há quatro meses e ainda não obteve resposta. Já Guilherme Cunha lembra que depois de abrir o requerimento, foi rápido.
O maior problema apontado pelos entrevistados foi a dificuldade dos horário das aulas. Segundo Rafaella Bizzo, os horários eram bem diferentes. Gabriela Rodrigues, que cursava Direito na Universidade Cândido Mendes e agora cursa Publicidade na UFF, concorda e acrescenta que o horário foi o mais difícil de se adaptar, já que antes estudava de manhã ou de noite, mas nunca à tarde, ou em horário integral, como é no curso atual.
O motivo da mudança
Inúmeros são os motivos que levam os candidatos a se inscreverem na transferência e mudarem de faculdade, como a aluna de Jornalismo, Ana Beatriz Mello."Eu mudei para a UFF porque a UERJ estava enfrentando um período difícil de redução de verbas e descaso do poder público. Enfrentei dois períodos de greve". Já a aluna de publicidade Gabriela Rodrigues passou pelo processo de transferência e ainda mudou de curso. "Queria mudar de curso e na faculdade que eu fazia não tinha comunicação. As faculdades particulares boas de comunicação são muito caras e distantes,então, resolvi tentar a UFF". A psicóloga Lilian Guimarães, que trabalha com jovens nas áreas clínica e escolar, diz que os estudantes entram na universidade com pouca idade e sem amadurecimento suficiente para escolher de uma forma mais consciente o curso que pretendem fazer. Ela ainda afirma que a família tem um peso grande nas decisões do que o adolescente deve cursar. "Podemos falar da necessidade de conjugar o atendimento aos próprios interesses com o desejo dos pais e, muitas vezes, da família, permeado pela responsabilidade de perpetuar as escolhas feitas anteriormente. Além disso, o o desejo do sucesso financeiro também existe".
Para mais informações sobre o concurso, acesse: http://www.coseac.uff.br/transferencia.htm.
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