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Lutadores de MMA partem para a briga por maiores salários

Apesar de mobilizarem enormes audiências, grandes nomes do MMA ainda ficam atrás dos lutadores de boxe, quando o assunto é remuneração. Mas os gigantes dos octógonos já começam a reagir.  

Por Arthur Falcão 

Foto: dreamstime.com

Uma polêmica nas redes sociais entre o Presidente do UFC, Dana White e o (até aquele momento) campeão peso meio-pesado, Jon Jones, gerou uma sequência de discussões a respeito do valor das bolsas que lutadores de MMA recebem na maior organização do esporte no planeta.

Mesmo tendo o atleta (Connor McGregor) mais bem pago do mundo em 2021 de acordo com a Forbes, muitos lutadores estão confrontando a organização e pedindo maiores salários. Essa situação se intensificou com o recente cruzamento de lutadores de boxe e MMA em lutas de exibições milionárias, mostrando que eles podem ganhar bem mais do que só a fama e gerando a pergunta: porque lutadores de MMA recebem bem menos do que os de boxe?

Tradução: “O UFC precisa me pagar como um lutador principal para me fazer lutar nos eventos principais. Os youtubers estão mostrando toda a desgraça neste negócio.” 

O que ajudou o irlandês Connor McGregor a passar à frente de nomes como Neymar, Lionel Messi, Naomi Osaka e LeBron James, foi a venda da maior parte das ações da sua empresa de uísque Proper No. Twelve, avaliada na casa dos 150 milhões de dólares. Entretanto, quando se compara em termos de bolsa por luta, seus ganhos são bem menores.



Fonte: • Chart: The World's Highest-Paid Athletes | Statista

No período da lista, ele realizou apenas uma luta e recebeu US$ 5 milhões para subir no octógono, que somada aos patrocínios e ganhos de Pay-per-view, garantiu uma receita de US$ 20 milhões de dólares, para a revanche contra Dustin Poirier. Isto o manteve como lutador que mais recebeu dentro do UFC sendo um salário muito maior que o resto da elite dos lutadores de MMA.



Fonte:  Leading UFC fighters by total earnings as of 2020 | Statista

Mas comparado ao boxe, os valores são muito inferiores. Tanto que há um único lutador de MMA presente na lista dos 100, enquanto entre os lutadores de boxe há quatro: Tyson Fury (11º, US$ 57 milhões), Anthony Joshua, (19º, US$ 47 milhões), Deontay Wilder (20º, US$ 46 milhões) e Canelo Alvarez (30°, US$ 37 milhões)

Um outro exemplo é a luta realizada por Floyd Mayweather e o próprio Connor McGregor, que rendeu um total de  US$ 100 milhões para o pugilista, isso, sem considerar os patrocínios e bônus da luta. Já para Connor, rendeu US$ 30 milhões, que é o dobro do que ele já acumulou de ganhos desde que foi contratado pelo UFC.

Muitos fatores são relevantes para a diferença das bolsas que os lutadores recebem, mas alguns dos mais discutidos são a divisão de lucros de cada evento e a história de cada esporte. Por ser muito nova, a história do MMA ainda é ligada à violência de antigos praticantes, quando o esporte não era profissionalizado. Assim, muitos patrocinadores tendem a não querer ligar suas marcas a essa imagem, enquanto o boxe já é um esporte secular e olímpico, com isso, mais aceitável. Além disso, uma diferença crucial é a divisão de lucros: enquanto dentro do UFC a maior parte da renda vai para a organização, no boxe elas são mais divididas com os pugilistas, com isso, mesmo que o UFC hoje venda mais pay-per-views que o boxe, os lutadores não recebem uma porcentagem grande dos eventos a ponto de compararem seus ganhos aos valores do boxe.

Uma demonstração desta impactante diferença são os valores da luta de maior audiência de um dos melhores lutadores de MMA do UFC, Jon Jones, em sua revanche contra Daniel Cormier: no UFC 214 ele vendeu o total de 860,000 pay-per-views, recebendo US$ 580 mil. Já Canelo Alvarez, em sua luta de boxe, vendeu pouco mais que Jones, 900,000 pay-per-views e recebeu US$ 58 milhões.  

Um fator que torna a negociação de pugilistas mais igual com promotores de eventos de luta é a Lei Muhammad Ali, que obriga as organizações a pagar a maior porcentagem dos ganhos aos atletas, enquanto no MMA, por não possuir leis destes tipo, dependem de cada organização. Devido ao monopólio do UFC na modalidade, uma negociação por maiores salários quase sempre termina num não.

Com isso, mostra-se que mesmo semelhantes no patamar de fama, os lutadores de MMA tem muito caminho a percorrer para crescerem esportiva e financeiramente em comparação ao boxe.  

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