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Música nas Minas Gerais: das redes para o mundo

O sucesso de artistas independentes e de bandas alternativas vem transformando o cenário musical do Estado

Por Natália Pereira 

Berço de cantores como Milton Nascimento e de uma sonoridade que ainda hoje influencia artistas em todo o Brasil, a música mineira vem se renovando, adaptada às novas dinâmicas da indústria fonográfica. Depois da geração Jota Quest e Skank, que alcançaram sucesso no mainstream, uma safra de bandas independentes traz uma nova estética musical e amplia o público através dos canais digitais. 

A banda Devise, formada em São João Del-Rei por Luís Couto, Daniel Mascarenhas, Bruno Vieira e Bruno Bontempo, caminha em uma mistura de diversas escolas do rock, formando um som único e característico das Minas Gerais. Suas maiores influências se encontram no rock britânico dos anos 1990, com a banda Oasis, a The Stone Roses e na própria musica mineira, com o Clube da Esquina. 

Foto: Reprodução Instagram / @BandaDevise

"Somos uma banda de rock, mas ainda escutamos muito outros estilos. Não somos a favor desse 'puritanismo musical roqueiro', nós vemos ótimas coisas em outros gêneros musicais que influenciam muito no nosso som'', diz Luís Couto, sobre as influências da banda. Em 2014, depois de dois anos de formação, eles lançaram seu primeiro disco, intitulado "Lume", e em 2017, sua segunda obra-prima: "Petricor". O terceiro álbum já está em preparação e traz referências como o reggae e o dub. 

Luís conta que na pandemia a banda, que é independente, entendeu a necessidade de começar a produzir conteúdo para as redes sociais. "Nosso foco sempre foram os shows, as produções das musicas... e aí veio a pandemia e nós pensamos: 'o que é que a gente vai fazer agora?". Visando a segurança dos integrantes, eles perceberam que o palco dos shows agora era a internet. "Começamos a tratar as redes sociais com o devido cuidado, e isso teve um impacto enorme pra banda. Isso trouxe muita gente nova pro som nesses últimos dois anos". 

Nesse período, a Devise lançou um single mergulhado na temática do isolamento. A música intitulada "Espera" foi produzida em casa e conta com um videoclipe feito em formato de story do Instagram, com trechos de vídeos enviados por fãs e pessoas que acompanham a banda, de coisas que sentiam falta no período pandêmico. "A repercussão foi enorme, várias pessoas chegaram à banda depois desse videoclipe. É algo que nunca aconteceria se não existisse a rede social", diz Luís. Para ele, é fundamental que os artistas independentes estejam inseridos nesse meio digital: "As redes sociais se tornaram a melhor ferramenta para divulgação hoje em dia". 

Na capital do estado, a Daparte se destaca entre as bandas alternativas da cidade. Formada por João Ferreira, Bernardo Cipriano, Túlio Lima (Cebola), Daniel Crase e Juliano Alvarenga, a banda traz a estética pop rock romântica para a música mineira. "A identidade da Daparte vem da diversidade de sons que a gente escuta", diz Crase, o baterista. Ele cita como suas maiores influências musicais diversos artistas atuais, como Sticky Fingers e Rex Orange County, mas sem deixar de lado os clássicos, como Beatles e Radiohead. 

 Foto: Reprodução Twitter / @BandaDaparte 

Com pouco tempo de estrada, a banda lançou seu primeiro single "Acidental" em 2016. Em 2018, o primeiro disco "Charles" e em 2020, o EP "Como não se lembram". Em meio à essas produções e ao lançamento de diversos singles, a Daparte ainda fez colaborações com cantores como Sest, Mariana Nolasco e a banda Lagum. Os "feats" influenciam muito e consequentemente alavancaram  o crescimento da banda. A música "Aldeia", com a participação de Mariana Nolasco, já acumula mais de 2 milhões de plays no Spotify. "O artista maior acaba puxando o artista menor e assim vai, essa é a graça de produzir um feat", disse João Ferreira.

Ainda na casa dos vinte e poucos anos, os garotos da banda conseguem conciliar bem a amizade e o trabalho. O baterista Crase conta que a amizade dos cinco se completa seja na vida ou em cima dos palcos e que eles vivem um sonho: "cinco caras se juntam pra tentar ter uma banda de rock, parece clichê, mas é isso que a gente vive".  Como banda, eles possuem verdades, crenças, um estilo próprio de viver e buscam passar isso para seus fãs. Por isso, assim como a Devise, eles utilizam as redes sociais para se tornarem mais próximos de seu público. "Nas redes sociais a gente se sente muito acolhido e parte de um grupo", conta o vocalista. 

Buscando trazer visibilidade aos artistas e promover a cultura musical, o Prêmio de Música das Minas Gerais acontece desde 2012 e reflete a riqueza cultural do estado. O evento ocorre com palcos espalhados por cidades que são escolhidas todos os anos, onde acontecem as classificatórias e a grande final com três premiados. Na 8ª edição, devido à pandemia do novo Coronavírus, a premiação ocorreu inteiramente online, o que facilitou a inscrição dos artistas. Nesse ano, foram mais de 2 mil candidatos e um total de 282 selecionados. As classificatórias seguiram o modelo do isolamento social, e foram feitas por meio de lives no YouTube. "Sair dos 2 mil e chegar a 12 finalistas não foi uma tarefa fácil, a qualidade musical foi surreal, o nível foi surpreendente", disse Henrique Cunha, produtor do evento. Todo o conteúdo da premiação está disponível no site e no canal do YouTube.

Ouça a Devise e a Daparte:
youtube.com/DeviseOficial  
youtube.com/Daparte

Conheça mais sobre o Prêmio de Música das Minas Gerais:
premiodemusicaminas.com.br/















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